Os dias em que eu me amo mais.

Não, isso não quer dizer que eu traí o movimento. Não passei batom, não beijei o espelho, não tive um momento de narciso.

Me amo porque desgostam de mim. Compreende?


Eu sempre me amo mais quando vejo que atinjo os outros vivendo minha vidinha de sempre. Sinto um misto de alegria e frustração nesses momentos. Fico alegre por não estar na pele dos que me criticam ou devaneiam sobre a minha existência, devem levar uma vida muito sem graça pra que tenham tempo de prestar atenção em uma vida fa-bu-lo-sa como a minha. Fico frustrada porque essa alegria é muito pouco pra mim... Queria ver em mim tudo de bom que vêem os invejosos... Mas deixo a frustração pro dia seguinte e curto meu rompante de amor-próprio no momento presente!


Em dias assim eu tenho a certeza da fidelidade das minhas amigas, a certeza da espontaneidade das minhas atitudes, a certeza da coerência das minhas escolhas... mesmo as mais incoerentes, estão sempre em sintonia com as minhas vontades e nunca com as dos outros. Em dias assim eu fico feliz porque me fiz conhecer apenas por pessoas que realmente valem a pena... Ainda que, de vez em quando, elas ainda precisem fazer perguntas básicas como “Qual é o tipo da Norora?”.


Eu escolhi muitas coisas de maneira errada nessa vida, algumas vezes até os amigos. A sorte foi que as péssimas escolhas me dispensaram, enquanto as escolhas razoáveis ou me dispensaram ou foram afastadas pela minha falta de zelo... Contudo, não posso deixar de sorrir pensando que as grandes escolhas me escolheram de volta..

Além disso... Hoje eu fiz planos com uma amiga, não planos para uma noite a la night, mas a la grandes intentos (ainda que Dom Quixote)... Quem nunca fez nada parecido, devia experimentar. Mas aviso logo que antes é necessário construir uma amizade daquelas em que leva tempo, em que se é sincero e que se deseja incondicionalmente a alegria do amigo... Ainda que a felicidade dele o carregue pra longe de você, o faça diferente de você, modificando todos os gostos que vocês têm em comum... Vocês ainda terão a cumplicidade... E hoje eu conversei horas e horas com uma amiga cúmplice...

Enfim... Hoje eu me amo mais porque alguns idiotas abriram meus olhos pra autenticidade dos meus atos... Hoje eu me amo mais porque lembrei que sou amada por seres humanos muito mais importantes/interessantes do que eu... Hoje eu me amo mais porque, ainda que acidentalmente, estou do jeito que eu queria estar: cercada pelos admiráveis e longe dos parvos!

Este é o fim do post sincero que será diagnosticado como dor de cotovelo por aqueles que adorariam me conhecer profundamente, e será facilmente identificado como um post comemorativo pelas pessoas que me conhecem ao pé da letra. Há ainda aqueles que não encontrarão aqui matéria suficiente para tecer conclusões... Aí é história pra outro dia...