Platão, no livro Fredo, no século IV a.C., usou a analogia baseada em tradições antigas, talvez do Egito, e disse que nossa alma é como uma charrete com dois cavalos. O condutor seria a razão, e os cavalos as emoções. Um deles é obediente, representa nossos desejos mais “nobres”. Outro, rebelde, são nossos apetites. A difícil tarefa do condutor é controlar os dois cavalos.
Após quase 2.500 anos, Platão parece ter sido atropelado pela charrete. Alguns economistas e matemáticos dizem que as carroças de hoje não têm apenas dois cavalos, mas 100 ou 200 e a única esperança do cocheiro é guiar-se por instrumentos automatizados, como por exemplo, os computadores.
Um segundo grupo, da psicologia cognitiva, afirma que o condutor é caolho e não consegue enxergar boa parte da estrada. Há um terceiro grupo, dos evolucionistas, para quem o condutor deveria aprender a largar as rédeas: eles dizem que, no geral, os cavalos sabem muito bem para onde estão indo e o condutor tenta freá-lo, e isso só faz tornar o caminho mais longo. E por final, o grupo mais recente, dos neurocientistas, diz que o cocheiro não passa de um cavalo disfarçado. Não há, segundo eles, possibilidade de razão sem emoção.
Hoje já se conhecem inúmeras armadilhas do pensamento: ancoragem (quando nos fixamos em algo que não tem nada a ver com o problema), enquadramento, disponibilidade (somos mais impressionados com informações recentes ou próximas, ainda que não sejam as mais relevantes), aversão ao risco (perder causa mais tristeza do que ganhar causar alegria) e por aí vai.
O que parece é que realmente temos problemas sérios com nossa intuição. Às vezes somos atraídos por uma escolha por pura ignorância, não conhecemos outras opções ou não sabemos direito que resultado pode ter aquela ação. Às vezes estamos viciados numa solução que sempre deu certo, mas agora a situação mudou.
Bom, o assunto é extenso, bastante interessante, e eu sem conhecimentos profundos para mais discorrer, mas irei finalizar o ‘papo’ contando sobre um experimento muito interessante e diria até irônico, narrado por Jonah Leher em O momento decisivo, aonde se mostra os problemas em pensar demais:
“Um rato foi colocado em uma gaiola T, com pequenas porções de comida na extremidade esquerda e pequenas porções na extremidade na direita. A colocação da comida variava, ora de um lado, ora do outro, mas de forma que estivesse 60% do tempo do lado esquerdo. Em pouco tempo, o rato percebeu a diferença e passou a ir sempre para o lado esquerdo. Então os cientistas repetiram o experimento com estudantes da Universidade Yale. Eles não fizeram como os ratos. Sendo humanos, acreditava que havia um padrão na distribuição dos prêmios, tentavam aprender com seus erros, criavam teses. Só que não havia nada a prever. Embora tivessem certeza de que estavam progredindo ruma à decifração do algoritmo, os estudantes acabaram em média com o índice de 52% de recompensa. Bem abaixo dos ratos.”
Tsc!
E a pergunta agora vai para os Titãs? Tem certeza que os ratos são escrotos?
(muahahahaha)
Os ratos, na minha casa, sempre são escrotos. Quando estão nos desenhos animadas, ou quando são branquinhos e fofinhos e aparecem nos experimentos científicos, podem ser simpáticos...
ResponderExcluirMas hein.. Cara... Tipassim...
Minha charrete tá é quebrada.
uahahahaha
Que texto bom de ser ler, bem escrito, uma delícia.
ResponderExcluirAcho que a tendência hoje é querer racionalizar até aquilo que escorre pelo esgoto (rs), uma teorização infinita sobre tudo e qualquer coisa. Acho que tudo deveria ser mais pragmático, enfim.
beijo