(Da série pseudo-estudos antropológicos)
Esse final de semana fui acompanhar a cerimônia matrimonial de dois amigos. Outra amiga minha se casará em fevereiro do ano que vem. Eu estou casada já faz bastante tempo, só falta o "rito de passagem".
No casamento dessa semana, o noivo entrou ao som do tema do Super Homem, e a "trilha sonora" contou com 3 Doors Down, Judy Garland, e Shania Twain, entre outros.
Na trilha sonora do casamento do ano que vem, eu estou dando meus palpites. O noivo queria November Rain, mas apesar da presença de uma noiva no video clipe, não é música adequada. Ainda assim, não é motivo para voltar para o repertório usual. Nota-se uma coisa: marcha nupcial não é coisa para casamento do século XXI, todo mundo já cansou.
Os casamentos mudaram. Há os que declaram que irão se casar até mesmo usando all star. Eu sei de casamento-pagode, casamento com dança do ventre, casamento que misturou tarantella com música árabe, e assim por diante. Minha proposta é discorrer sobre o verdadeiro significado dessa mudança.
Ao se casarem, conforme é exposto nos já conhecidos sermões matrimoniais, os noivos se propõe a formar uma nova família. É (ou ao menos deveria ser) um gigante passo rumo à consolidação social dos envolvidos.
Em minha opinião, mudanças que vão desde o cerimonial até às modificações no comportamento das famílias modernas, mostram a insurgência de uma geração mais maleável, disposta a quebrar paradigmas, sem a necessidade de protestos em praça pública ateando fogo em roupas íntimas, bonecos, e sem atirar bombas em repartições públicas. Somos silenciosos.
Queremos mudar? Mudamos, e pronto. Há quem chame os "novos" de egoístas. É verdade, tendemos a não consultar os mais velhos, e não ouvir a voz da experiência. Preferimos quebrar a cara uma, duas, dez vezes, por nosso mérito e demérito, a fazer tudo igual outra vez.
É preferível entrar na igreja ao som do tema de super homem, ciente de que é o seu caminho legitimamente eleito por si e sua companheira, a fazer o que quase todos os noivos que te precederam fizeram, e entrar com a mesma música de sempre, porque sempre foi assim, ou porque os experientes disseram que tem que ser assim.
A filosofia futebolística dizia que "em time que está ganhando não se mexe". A seleção de futebol da Itália, campeã em 2006, nos deixou bem claro que não funciona assim. Times vencedores envelhecem da mesma forma que boas idéias podem ser substituídas por idéias melhores.
Renato Russo, naquela música dele que eu acho muito chata, diz que sua geração é a dos "filhos da revolução". RR tinha idade para ser meu pai. Logo, sou uma "neta da revolução". Para minha geração, as Grandes Guerras e a Guerra Fria são apenas capítulos em livros didáticos de história e geografia, tensão nuclear é apenas um conceito, não uma realidade, mesmo com Irã, Iraque, Afeganistão a uma página da web de distância: tudo é "teoria".
Revolução? Sinceramente, todos os que vieram antes quase explodiram o mundo, em defesa de seus ideais, fossem ele a hegemonia de uma nação supostamente superior ou a necessidade de salvar o mundo dos infiéis ou do capitalismo. Os que vieram antes afundaram aos poucos culturas, civilizações, cidades, tudo em nome do "certo". A suposta "salvação" sempre traz o inverso quando tratamos dos gênios que nosso mundo viu passar por aqui nos últimos séculos.
Nós, os novos, não temos essas ambições malucas de mudar o mundo. Nos contentamos com pouco: preferimos mudar e guiar nossas próprias vidas, a começar por nossa cerimônia de casamento.
se eu for esperar meu casamento pra revolucionar, serei conservadora sempre!
ResponderExcluiruahahaha
mas mto bom o post!
=)
Muito atual e pertinente o texto. Meus parabéns de verdade, muito boa a sacada de perceber as mudanças por esse vie's!
ResponderExcluirMuito Bom o texticulo da Lana, como sempre.
ResponderExcluirObs.: eu casei ao som de Honey Pie dos Beatles,
É, acho que lendo agora esse post, nunca serei revolucionária...
ResponderExcluirAfinal, é um preço muito caro a pagar.
há!
Puxa, que legal, faz tempo que eu não via tanta besteira escrito em tão poucas linhas. Parabéns.É por pensamentos como o seu que a familia eo mundo esta essa merda que todos estamos vendo.
ResponderExcluirui, temos aqui um conservador enrustido.
ResponderExcluirah, fala sério!
ResponderExcluirnem são tão poucas linhas assim!
sem contar que faz mó estilo: antes pensar em mudar o mundo, comece mudando a si mesmo (no caso o seu casamento)
enfim, não seja tão inflexível!
E a minha família está bem, não está uma merda! =)