sexta-feira, 30 de setembro de 2011

It´s not hope


Eu não vou falar sobre a propaganda em si, acho que tudo já foi dito e não tenho esperanças de conscientizar ninguém, não tenho esperanças de abrir a cabeça dos meus amiguinhos machistas, não tenho esperanças de viver em um mundo em que a mulher seja realmente respeitada.

Eu, a feminista chatinha, a recalcada, a invejosa, a feia e também politicamente correta, são tantas coisas que eu sou, por me manifestar a respeito de algo que acho ofensivo, que poderia chorar, se a história de que todas as mulheres são choronas fosse real, mas não, eu não choro por qualquer coisa. Geralmente, eu grilo, tenho vontade de matar e depois reflito...

O fato é que eu demorei pra descobrir que o machismo existe. Minha mãe foi criada por uma mulher forte, viúva, quitandeira, que educou 5 filhos sem a ajuda de um macho man. Meu pai vem de uma família relativamente machista, talvez por questões religiosas, mas não é um cara gravemente machista. Na verdade, meu pai nunca achou que houvesse diferença entre menininhos e menininhas, assim sendo, ele presenteava as filhas com bonecas, mas também com bolas de futebol, estilingues, dardos, autoramas...

Eu joguei futebol na fazenda, com a minha irmã e mais uns 12 moleques. Eu levei pedrada na testa, brincando na lagoa com os filhos do caseiro. Eu joguei refrigerante na cara do único rapazinho que ousou se apropriar do meu lanche. Eu mordi e estapeei cada idiota mirim que mexia comigo ou com a minha irmã, enquanto ela segurava, eu batia. Eu não fui criada pra ser passiva, eu não fui criada pra ser a vítima, eu não fui criada pra chamar um homem pra me defender, e se eu ainda não me sinto uma mulher completa, é porque ainda preciso de um homem pra trocar um pneu.

Eu fui descobrir que o machismo existia e que era grave quando comecei a cursar eletrotécnica. Foi no curso de eletrotécnica que eu descobri que quando eu tirava 10, eu devia estar colando (não importa se o professor deu todas as fórmulas e se você podia usar calculadora, você é mulher, como assim você tirou 10?), ao lado da nota, meu professor colocou os seguintes dizeres: “será que você fez essa prova sozinha?”. E foi lá também que eu descobri que após a explicação do professor, eu teria que ouvir a explicação de pelo menos alguns 8 colegas, afinal, eu era mulher e não devia ter entendido. Nas aulas práticas eu descobri que nunca teria direito às aulas práticas, porque meus colegas se sentiam na obrigação de fazer tudo por mim, e se eu insistisse em fazer e errasse, meu erro teria muito mais ibope do que o de qualquer um deles. Cansei... De repente, outra mulher, no meu lugar, teria se sentido motivada a provar algo, ou ficaria acomodada e deixaria que os colegas fizessem a sua parte. Eu era adolescente, tinha 16 anos, achava aquilo tudo engraçado, só me indignei com a insinuação da cola... o restante não choveu nem molhou. Desisti do curso por falta de motivação e não por machismo, mas  saí de lá sabendo que o machismo existia.

E a gente vai crescendo, e o machismo vai aparecendo cada vez mais. O meu primeiro estágio foi ligado a área de Rh de uma concessionária onde era comum assédio sexual, bem como contratação de mulheres de acordo com os seus atributos físicos. Ouvi de um diretor que não tinha problemas se a candidata tal não sabia usar nem mesmo uma calculadora, afinal, ela tinha os peitos lindos. No mesmo período, aprendi a dirigir, e quando chegava na porta do trabalho, meus colegas se enfileiravam para ver se eu conseguiria fazer baliza. Alguns faziam brincadeiras de mau gosto e outros se ofereciam para estacionar por mim, como se essa fosse a única maneira de cessar o constrangimento. Cheguei a levar 20 minutos pra estacionar, mas não deixei que nenhum deles o fizesse por mim. Preciso falar que não durei nesse estágio?  Em outro trabalho, um casal foi pego mantendo relações sexuais dentro da empresa. Somente a mulher foi demitida,  e foi afirmado em reunião que ele fez o papel de homem, se a mulher está oferecendo, ele tem mesmo é que aceitar.  Aqui, na empresa da minha família, estamos estudando um modo de conscientizar nossos 16 funcionários de que eles devem respeitar as 6 mulheres da empresa. Um deles, recentemente se ofereceu para fecundar a recepcionista, já que o marido dela está demorando demais (afinal, o que ela pode querer da vida além de um filho? Mesmo tendo apenas 18 anos?).

Há alguns quilômetros de mim, uma amiga divorciada enfrenta o preconceito de pessoas de vinte e poucos anos, as meninas dessa idade tem receio de ter amizade com uma divorciada.  Outra amiga, de 35 anos, ouviu do pai que ela devia continuar casada apesar de ter sido traída, pois os homens possuem suas necessidades. Conheço uma mulher que precisa largar o trabalho para acompanhar a mãe no hospital, coisa que os irmãos desempregados não fazem, porque isso é tarefa de mulher...

É tanta coisa, que é preciso ser muito burro pra negar que o machismo existe. Já fechar os olhos pras manifestações dele, está ligado a negação da própria condição machista, ou a uma tremenda falta de empatia. É claro que ele está entre os homens e mulheres modernos também. E é claro que minha vontade é dar um chute no saco desses caras e um murro nos peitos dessas mulheres, porque desculpa, mas eu não fui ensinada a seduzir para convencer alguém, tento pelos argumentos, e quando não consigo, e a questão é óbvia, fico assim, chata pra caramba, e não sedutora. Sedução deve ser aplicada a questões relacionadas a amor, ovulação, atração sexual... Sexo, sexo, negócios a parte.

Finalmente, hoje percebi a ironia da campanha que os defensores tanto exaltam, a ironia entre o termo “Hope” e o sentimento provocado pelo comercial  em pessoas como eu. Toda essa discussão me fez lembrar de cada fato desagradável pelo qual passei apenas por ser mulher, bem como das coisas bem piores que amigas minhas, ou conhecidas passaram,  isso me deixa muito cansada, e me faz pensar que esse mundo é um saco.

De qualquer forma, como disse antes, não fui criada pra chorar pitangas. Foda-se! Se você mulher acha que tudo bem com o comercial, a partir de agora, quando eu precisar de algo de um homem, no trabalho, na família, onde quer que seja, e não conseguir convencê-lo com meus argumentos, eu te ligo, te pago uns trocados, você passa na Hope, compra uma lingerie, e faz o serviço sujo por mim, blz?

17 comentários:

  1. É, o mundo está perdido.
    Complexo entender situações e pensamentos machistas, porque no meu mundo não cabem tais manifestações.
    Eventualmente me deparo com algum ruminante, acabo ignorando ou massacrando (por características amplamente conhecidas de minha personalidade, prefiro o massacre).

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  2. Eu ainda ingenuamente acho que o mundo não está totalmente perdido. Ainda encontro pessoas a quem se pode mostrar que existe sexismo.
    Infelizmente há muitos acostumados ou a favor do status quo e outros tantos que nem enxergam seu malefício.
    É uma luta árdua, mas não vamos ficar choramingando!

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  3. É, eu falo que não tenho esperanças... mas a verdade é que eu tento quase todos os dias. iauahauahua

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  4. O triste é perceber que a gisele nem de dinheiro precisa para se sujeitar a esse tp de propaganda, pq será meodeos q ela fez isso? (eu sei q vcs sabem a resposta)

    E sobre sua infância trombadinha, que medo!

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  5. Fiquei com medo da motora, concordo com o que vc disse, porém ainda continuo gostando do comercial .

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  6. Isso não é machismo ou briga dos sexos. Ver as coisas assim é minimizar por demais o caráter geral das relações humanas. Ainda que sob certo ponto de vista há homens que se sintam mais simplesmente por serem homens, não faltam feministas que se enxerguem superiores a outras mulheres que supostamente, e em vários casos realmente ocorre, não vêm submissões há tanto perpetradas. Mas como disse, ver algo tentando diferenciar sob o ângulo dual de azul ou vermelho, certo ou errado, deus e o diabo, macho ou fêmea, mulher ou homem, ainda que eu saiba da malfadada visão que se tem da "mulher" e realmente busque entender o seu ponto de vista, é deixar o pensamento amputado e assim não vislumbrar novas situações. Muito dos exemplos que você citou, a meu ver, é simples babaquice e burrice, uma antiga falta de respeito ao seu igual. E falta de respeito não escolhe a quem faltar com o respeito. Um babaca dessas histórias que você sitou, em síntese, é alguém que não respeita nem a si próprio. Generalizando, e erro muito assim, um babaca que queira fecundar alguém porque entende que "está demorando demais", ou que não ajuda a uma mãe simplesmente porque isso é coisa de mulher, antes de ser machista, ou um sádico rindo,com o seu pau na mão, da condição feminina, é um desprezível ser humano. E a humanidade não é feita só de dois gêneros fadados a digladiarem-se para sempre. Erro muito assim?

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  7. Relevem meu deslize no segundo "citou", escrito "hombridamente", com s. Burrice há muito me afeta.

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  8. Há casais que têm registrado seus filhos recém-nascidos sem gênero definido para que eles tenham liberdade de escolha. Sim, a coisa vai além de gênero. Um homem que se acha superior às mulheres não é só machista; é um crápula. Mas o sexismo visto no comercial da Hope ainda é visto com bons olhos pela sociedade brasileiro, uma vez que se encontra muito incrustado em seus valores morais. Mulher ainda tem função de bibelô: ser bonita e ficar calada. Sendo assim, há pessoas que são machistas e nem o sabem. A ideologia do feminismo não prega a superioridade ao homem; muito pelo contrário: apregoa a igual aptidão para todas as funções. Há sim feministas que se acham superiores, como há ateus que odeiam a deus. É uma contradição, típica do comportamento humano. E condenar a ideologia por amostragem se mostra ignorância.

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  9. Novamente, concordo, com ressalvas, com o ponto de vista defendido no texto. Não sou contra o feminismo, o que intentei esclarecer, e não consegui, foi: por mais edificante que uma ideologia seja, visualizar o mundo ao redor, sob, excessivamente, seu prisma, acaba por desbastar os fatos e tornar conclusões em julgamentos amputados. A mulher, vítima de submissões seculares, assim como o negro, o sem renda, e outros tantos posto de lado por nossa sociedade, deve, ao conquistar o espaço em que sua voz ecoará, ao viver, ao respirar, afirmar-se como o ser humano que é, liberto e falho como todos somos. Penso que ao invés do separar, talvez seja mais estruturante o unir, de modo a reconhecer tantas e tantas milhares de semelhanças, desde o acre do suor até o regozijo de um corpo encontrando a outro. Já foram tantos no mundo tentando impor seu ponto de vista particular sobre uma situação geral, que pensei, e estou longe de escrever em pedras, espairecer assim: mais nos vale uma visão universal, agregada de tantos quantos sejamos capazes de conceber ângulos diferentes e desse próprio universo; mais nos vale apreender o mundo em sentido holístico, e evitar essa nossa humana pré-disposição a retalhar. Enfim, não sou contra a ideologia, e a par de estar fazendo comentários sem o necessário conhecimento de causa para tanto, busquei criticar por ter me parecido demasiado o defender de um feminismo que, no texto, não na campanha a que se refere, me soou exacerbado, quando o que o vi, retiradas sôfregas aparências sociais, mais ao fundo, foram falhas de caráter humano. Escrevo sem querer impor nada a ninguém. Só um argumento.

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  10. A partir do momento em que se publica um texto na internet, é aberto um diálogo, o que nos é muito aprazível.
    Você, Bruno, sem intenção, descreveu bem o feminismo: um movimento que visa a integração social de uma minoria e, portanto, tornar o problema do machismo uma questão social e não apenas de gênero.
    Eu sei que é difícil enxergar essa ideologia com as mencionadas características devido ao forte estereótipo que nos é imposto: arrogantes, supremacistas, misândricas. É inegável que existam feministas assim, mas o cerne do feminismo não é esse nem nunca o foi.
    Tornar a misoginia - que é bem diferente do simplório machismo - uma questão de saúde pública é um dos intentos do movimento feminista. Publicidade como a da Hope, da Sky e de tantas marcas de cerveja, tanto quanto as vertentes humorísticas do estilo Rafinha Bastos, reforçam o "imaginário" de que mulheres possuem um papel inferior e submisso na sociedade. A misoginia e o machismo atingem tanto a homens quanto a mulheres, mas infelizmente esse é um fato imperceptível para a grande parte da população.

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  11. Ei, de novo falho no meu argumentar. O que venho falhando miseravelmente em tentar explicar é o seguinte: me parece deslocado de um propósito integrador a insistência em se denominar feminista, apache ou abeliano. Conquanto concorde com várias teses apresentadas e reforçadas por vocês e comece a aprender um pouco (bem pouco) sobre o movimento feminista, me parece fator mais factível na compreensão do ponto de vista alheio um enfoque mais humanista(e aqui não quero rememorar esse movimento, me agarro, sim, na simples epistemologia da palavra que nos define enquanto espécie), de modo que, reconhecendo nossas humanas similaridades, saibamos que a falha repreensível é a do caráter humano, ainda que travestido em aversões ao diferente, os racismos, os sexismos. Enfim, concordo, em partes, com seus argumentos, só tento contrapor que, talvez, rótulos (misoginias, machismos etc) acabam por desviar um enfoque mais geral ao insistir em tratar erros recorrentes e, na minha opinião, advindos do mesmo lugar, como problemas de certa classe. Vou me indagando por aqui e pergunto também a você, Gabriela: não seria mais fundamentado um olhar sobre o mundo levando em consideração nossa verdadeira natureza, isto que somos, humanos? Me explico (tento) melhor, ao conformar o mundo com nossas mãos guiadas por ideia oriundas de nossa concepção do mundo influenciada por nosso modo de vê-lo, não nos dignificaria mais, em vez de rotularmo-nos cristãos, ateus, feministas, ou ao invés de separarmo-nos do que nos cerca, sob efêmeras e fugazes denominações que somente nos isolam, apartam, diferenciam, unirmo-nos sob o manto de nossa verdadeira natureza, a humana? E, assim, continuando a contrapor, continuando a argumentar contrários, não seríamos mais hábeis para integrarmo-nos com o arredor, sabendo de nossas próprias limitações e, principalmente, das intermináveis falhas e ignorâncias do outro (nesse caso os que sabemos que pensam diferente de nós, os que não somos capazes por enxergar somente neles falhas de considerá-los como qualquer coisa próxima a nós), aceitarmo-nos em uma comunidade mais humana?

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  12. Entendo o que o Bruno quis dizer, mas concordo apenas com alguns pontos... E como sempre, concordo com a Badona.

    Na verdade, eu demorei a perceber que muitas coisas que eu via apenas como babaquice ou falta de educação, estão também ligadas ao machismo. Até pq, eu sempre vi homens e mulheres como iguais, pelo menos no que tange os direitos do ser humano... Mas aos poucos foi ficando claro que não é pq é fácil pra mim, que é fácil pra todas as mulheres...

    Nas questões pontuadas, não falei de alguém que se negou a auxiliar a mãe, mas que atribui a responsabilidade à mulher. Em uma família, cheia de homens, porque apenas a mulher não é babaca? E pq essas coisas se repetem em várias famílias machistas? Pq não é babaquice pura, é tb machismo, machismo pq o homem é criado diferente da mulher, pq a mulher, nesses casos, é criada para cuidar da casa, da mãe, etc e tal, depois do marido e dos filhos.. e o homem para ganhar o mundo, pra fazer o que quiser. E se ele não quiser cuidar da mãe, isso nunca será cobrado dele. É babaquice sim, mas o machismo é amigo íntimo da babaquice. Isso não impede que as mulheres sejam babacas, e que muitas vezes elas criem os filhos pra se comportarem de maneira babaca, infelizmente.

    Quando o cara falou de engravidar a recepcionista, estamos de novo na mesma situação, espera-se que ela procrie logo, pq ela é mulher. Quando a mulher está solteira, está procurando casamento. Quando casa, deve engravidar, depois cuidar dos filhos, depois cuidar do marido... Ela não tem espaço pra estudar, pra trabalhar, pra nada, afinal, ela serve pra perpetuar a espécie e só. Eu abordei por alto no post pq é impossível entrar nos detalhes da questão, a não ser que se faça um post pra cada absurdo que é dito por aí...

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  13. As falhas de caráter partem dos dois sexos, é verdade. A babaquice acompanha a raça humana há séculos... Mas o homem é licenciado, incentivado e muitas vezes ensinado a ser babaca. E a intenção do post não foi em momento algum dizer que a mulher é superior, ou que o machismo é ruim apenas para as mulheres... O ponto principal é dizer que é hipocrisia negar que o machismo existe, e desabafar sobre o que mais me deixou grilada, que um comercial idiota seja vendido como uma idéia criativa, e que um monte de rapazes e moças que se dizem bem informados, digam que não há nada de ofensivo nele...

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  14. De qualquer forma, acho engraçado que qualquer comentário feminino a respeito dessas situações cotidianas, desconfortáveis, ou mesmo um post, é considerado feminismo extremo... Se os homens fossem diminuídos no trabalho, na tv, ou em suas relações pessoais, apenas pelo seu sexo, seria o que?
    Outro ponto interessante a se pensar, se fosse feito um comercial com o Thiago Lacerda em trajes mínimos tentando convencer as feministas de que o comercial da Hope não é sexista, não seria encarado (nem mesmo pelos machistas e pelos defensores do comercial da Hope que n se dizem machista) como uma brincadeira, mas apenas como uma prova daquela velha história de que feministas são mal comidas e... (bocejo)

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  15. Resumindo, não sou a favor de dividir o certo e o errado apenas pelo sexo. Mas acho que é preciso que as pessoas se informem mais sobre as implicações do machismo e tenham um pouco mais de empatia antes de sair por aí dizendo que é exagero... E isso serve pra todo e qualquer tipo de preconceito. As pessoas olham as situações por cima, e constatam que o caso não é grave... Mas na verdade, não parece grave pq mts vezes essas pessoas não possuem idéia da dimensão do problema.
    Eu não sou vítima do machismo, sou vítima apenas da agonia que ele me provoca... Da preguiça que tenho de que ter que provar minha capacidade intelectual apenas pq sou mulher, apenas pq mulheres não são comuns em empresas metalúrgicas, apenas pq acham eu devia estar decorando o lugar ou cuidando do R.H. ao invés de estar me preparando para tomar decisões estratégicas.... Mas sei que essa preguiça e agonia não é nada perto do que a maioria das mulheres passa por aí, afinal, isso não me mata, não me faz sentir dor física... Só me faz contar até 10, ou dar logo uma resposta atravessada pra gt ignorante.
    Mas não é pq eu não sou vítima, que vou tratar o problema como algo irrelevante. E o fato é que é assim que se comportam muitas mulheres que desfrutam dos direitos que as mulheres conquistaram nas últimas décadas... Como se não houvesse mais nada a ser feito, e o machismo não fosse mais um problema, o que não é verdade. E os homens que não subjugam as mulheres diretamente, também acabam tratando como exagero por não serem os algozes diretos, mas não deixam de ser machistas e babacas quando fecham os olhos para o problema, apenas pq ele não é uma realidade distante.
    Machismo existe, racismo existe, homofobia existe, fome existe... E não é pq a culpa não é minha, ou pq eu não sofro, que eu não preciso pensar a respeito disso, e considerar que a dimensão do problema é significativa.

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  16. Concordo plenamente, Bruno. Ao passo que nos víssemos como seres humanos iguais, os rótulos e os preconceitos, por conseguinte, seriam extirpados. Mas a questão da intolência é tão primária, tão primitiva, que partir do ponto de que mulheres, negros, homossexuais, portadores de necessidades especiais, ateus - ouso dizer -, entre outros, são grupos frágeis da sociedade é a vereda necessária para esse humanismo tão ideal de que você fala.
    Nós temos que começar do básico. Os estereótipos estão tão arraigados em nosso cotidiano que a luta contra eles deve ser promovida pontualmente. As falhas e ignorâncias de uns, como você mesmo disse, servem de argumento para seu desmerecimento a ser usado por outros.
    Como o ser humano pode obter paz sem compreender que somos diferentes porém iguais, quando nossas próprias convicções são baseadas em ideias segregadoras?
    O feminismo, em si, é um movimento de fortes bases humanistas, pois seu centro é o ser humano, e não uma ideologia mística ou econômica, como religião e capitalismo, respectivamente. Entretanto busca-se compensar milênios de desigualdade.
    É fundamental tratar os problemas de quem não é branco, de classe média/alta, sem problemas físicos e heterossexual, a fim de se chegar à questão da humanidade em si.

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