quarta-feira, 13 de junho de 2012

Once a whore, always a whore...

Raramente crimes passionais me chamam a atenção, mas esse último tão exaustivamente exposto nas últimas  semanas me deixou pensativa sobre vários assuntos por suas peculiaridades. É um caso clássico no qual dois errados não fazem um certo.

Há quem esteja dizendo por aí coisas do tipo "também, que idéia essa de se casar com uma mulher de programa". Essa é a parte que me incomoda. 

Como se essa profissão tão desmoralizada ao longo dos séculos não existisse até hoje pelo consentimento e usufruto silencioso sociedade, seja em favor da cafajestices de homens calhordas ou pela conveniência de esposas interessadas mais no patrimônio que no matrimônio...  Sinceramente, poucas "classes trabalhistas" me deixam tão compadecida e preocupada com sua degradação quanto a daquelas que uns chamam de putas. Junto do estupro das esposas de soldados  derrotados - tido como "espólio de guerra" até bem pouco tempo atrás, elas são o exemplo máximo da coisificação feminina. Como se por se prostituir elas deixassem de ser mulheres, como há pouco tempo atrás por sermos mulheres nós deixávamos de ser gente.

Se o casamento não houvesse acabado de forma trágica, dificilmente essa assassina confessa teria seu passado tão exposto na internet e televisão, num movimento que ao meu ver quer mostrar que é uma falha de caráter maior ela ter se prostituído um dia do que ter assassinado o marido, ou como se uma coisa tivesse relação com a outra.

Não considero desinteligente se casar com uma garota de programa. Seria lindo e quase poético, por abrir mão do falso moralismo, pela mudança no curso de duas vidas...
Por outro lado considero nojento em pleno século 21 alguém que viva conforme a filosofia "cale sua boca ou te devolvo pro buraco de onde te tirei", como se por ser uma ex-puta toda sorte de comportamento por parte do marido deve ser tolerada sem questionamentos, afinal de contas ele a salvou daquela vida amarga, e o reconhecimento de sua "bondade" deve ser demonstrado com seu silêncio. 

Se ela fosse simplesmente a técnica em enfermagem que num momento de descontrole assassinou o marido com uma pistola por descobrir que o marido a traia com uma puta, bom, a história seria outra. Ao invés de pobre homem assassinado por uma ex-prostituta que acolheu em casa para ser sua esposa, ele seria o cachorro que traiu a pobre enfermeira com uma puta e teve nada além do fim que mereceu. 

Considero pouco criativo procurar uma nova acompanhante ou amante onde se buscou a esposa de um casamento falido. Considero desinteligente ameaçar uma mãe de nunca mais ver seu filho unigênito e de jogá-la na sarjeta. Considero não só desinteligente, mas também deselegante e desumano, escolher uma esposa em um meio tão controverso apenas porque ela já é "coisificada" o suficiente para ser descartada no primeiro momento de conveniência, com a garantia de ter toda a opinião pública a seu favor, não importa o que você faça. Especialmente se tratando de um homem rico de família tradicional - um ícone do estilo "partidão".

Agora todos os juízes morais caseiros se compadecem do ex-usuário de serviços sexuais, como se ele fosse menos "sujo" por acabar esparramado em lixeiras por aí... como se que toda a sujeira pertencesse não a ele, que fomenta o mercado, mas apenas a qualquer uma das muitas moças que lhe satisfizeram em troca de subsistência.

Once a whore, always a whore... e a culpa é toda delas, e não de homens de impulsos sexuais tão controlados quanto cachorros do mato.

2 comentários:

  1. Eu sinceramente tenho preconceito contra quem contrata serviços desse tipo e também contra quem se prostitui. Acho a ideia de transar, por dinheiro, com um completo estranho repulsiva. Mas também acho que eu, como o resto da sociedade hipócrita, deveríamos deixar nossos sentimentos pessoais de lado e nunca deixar de encarar ninguém como ser humano dotado do direito de levar a vida que quiser e de nunca ser encarado como cidadão de segunda categoria por suas opções, quando - é claro - não prejudicarem terceiros.

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    1. Eu considero a questão toda da prostituição muito delicada. Também considero repulsiva a idéia do sexo por dinheiro se aplicada à minha vida, mas é como vc disse: devemos deixar nossos sentimentos pessoais de lado.

      A partir daí, me compadeço um tanto das prostitutas, usadas por tantos e resguardadas por ninguém. Muito pelo contrário, são condenadas publicamente, como se a promiscuidade fosse unilateral e elas procurassem ativamente por seus clientes (esses santos homens) e não o contrário.

      Aplicado à minha vida, a repulsa se dá pela natureza da coisa toda em si, sem levar em conta ainda todos os outros fatores que envolvem essas atividades, que vão da violência ao status de pária social.

      É uma realidade triste além e minha imaginação.

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