É preciso perdoar as
pessoas pelos costumes idiotas de sua época e pelos seus maus
hábitos, se ainda quisermos admirar suas obras... Mas nem sempre
consigo. Perdoar um filósofo pela misoginia já é um processo lento
e doloroso para mim, mas depois disso perdoá-lo por espancar uma
mulher, é quase impossível. Não sei quando foi que perdi a
capacidade de separar a obra do autor... Antes eu não era assim. Não
me interessava pela biografia e pelos valores dos autores. Eu queria
engolir os livros, as músicas e tudo mais, sem abrir espaço para
algum contato com a parte humana do indivíduo que os “pariu”.
Mas mudei... E desde então vejo os filmes do Woody Allen com um
certo embrulho no estômago, pensando como um cara pode se envolver
sexualmente com sua filha adotiva. Acho que só Oscar Wilde não me
deixou enjoada com sua biografia, porque acho que o único infortúnio
dele foi ter nascido em uma época que a homossexualidade era mais
reprovada ainda. Tenho lutado desde meus 18 anos para esquecer a
misoginia de Voltaire e de outros tantos... E agora me deparo com a
informação de que o estimado Schops espancou uma mulher, provavelmente porque ela falava alto demais enquanto ele tinha um momento íntimo
com sua amante. Ai minha preguiça... Contudo, é preciso ignorar
todas essas coisas, porque todos os seres humanos são babacas, e se
eu deixar de apreciar alguma coisa porque seu autor foi um babaca em
determinado momento de sua vida, não vai sobrar nada pra ler, nada
pra assistir, nada pra gostar.
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