É engraçado pensar em tanta coisa que escrevi pensando em você, em um passado distante, quando eu ainda acreditava que nossos sentimentos tinham alguma relevância... Ou o que eu sentia.
Quando a gente era criança o bastante pra se vangloriar das noites etílicas... Quando eu ainda não sabia que tudo era metafórico pra você. Eu me divirto lembrando do seu pavor, da nossa briga, de tanto desentendimento por uma coisa tão óbvia e tantas vezes dita. Não que tenha sido engraçado quando realmente aconteceu... Mas foi quando descobri que por mais que você deixe a outra parte saber, ela ficará surpresa ao te ver fazendo aquilo que você disse que faria.
Provavelmente nunca vou ficar com alguém que saiba tanto de mim quanto você já soube, mas não acho que é necessariamente uma questão de trauma. Naquela época eu tinha menos história, mais crenças... E acreditava muito mais na necessidade de me deixar transparecer do que acredito agora.
Eu não cometo sincericídios como antes, embora chegue bem perto de fazê-los,.. não pretendo deixar alguém tão chateado novamente, embora não me importe muito com o que as pessoas pensam de mim.., Já aprendi que nem sempre as pessoas estão preparadas pra saber o que penso delas e que nem sempre eu tenho direito de fazê-las saber.
Não que empatia fosse o forte de qualquer um de nós... Acho que nosso forte sempre foi encontrar subterfúgios e coisas difíceis o suficiente para que não fossemos obrigados a vivê-las... E também culpar terceiros pelos acidentes no percurso. Você superou essa fase mais fácil que eu, um dia eu chego lá.
Mesmo que pareça, não é por saudades do que eu sentia que eu escrevo agora, é por vontade de acreditar... Você me ligava a alguma fé... Eu não consigo lembrar como você fazia... Talvez não fosse uma coisa que você fizesse conscientemente.
E posso estar bem confusa... Talvez fosse mais lógico que nunca tivesse existido esse projeto de nós dois e que desde então eu já tivesse aprendido que todo esse sentimentalismo não tem serventia alguma. Vai saber...
Você teria sido meu amigo da mesma forma e provavelmente teríamos brigado da mesma forma também. Em algum momento da nossa existência, um porre separaria nossos destinos.
Não importa o quanto as coisas mudem, sempre seremos muito pequenos para sobreviver a algumas garrafas...
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