domingo, 30 de maio de 2010

Qual o problema em evoluir?

Ontem fui ao shopping com mamãe e minha irmã.

A melhor invenção dos shopping centers, na minha modesta opinião, são as praças de alimentação. Pra mim, praças de alimentação são um ícone da democracia: do vegetariano ao carnívoro, fã de massas e hamburgueiro, todos podem confraternizar na hora da refeição e comer o que quiser.

Minhas companheiras optaram por comida japonesa. Junto da comida, vieram os famosos "pauzinhos", hashi. Obviamente não é o caso delas, mas sabemos que muita gente usa hashi só para "abafar", fazer aquela pressão, e dar a si mesmo um ar de cosmopolita.

Bom, pauzinho é coisa de japones (hahaha), e sinceramente, não entendo porque insistir com aquilo. Estava lá, vendo as duas comendo com hashi, e comecei a divagar. Diante de meu sanduíche de filé, comido sem nenhuma burocracia, segurado com as mãos, e vendo pessoas usando garfo e faca nas mesas ao lado, fiquei pensando: como tradicionalismo muitas vezes é algo completamente inútil e dispensável.

Por que insistir nos pauzinhos, quando existem tantas alternativas? É uma questão de dizer: olhe minhas habilidades com a mão. Um elemento segregacionista: se você não pode segurar o pauzinho, você não pode comer peixe cru com shoyu. Nem arroz sem tempero, e nem alga marinha.

Tudo em nome da tradição.
Como artes marciais. Todos aqueles orientais sarados, cheios dos exercícios respiratórios, mãozinhas rápidas em riste, e blábláblá. O fato é: depois da invenção da pólvora, eu sou capaz de acabar com um ultra master hiper mestre de kung fu, muai tai, e karatê apenas encolhendo meu dedo indicador sedentário. Rá.
Na verdade, nem precisava da pólvora. Antes disso inventaram o arco e a flecha.

Aí, eu pergunto: gente, por que não evoluir? Arco e flecha é um esporte que também ajuda a desenvolver concentração, disciplina, calma, etc, etc, etc, mas as pessoas continuam preferindo as tais artes marciais.

Inventaram garfos e facas, guardanapos, embalagens plásticas para cachorro quente e hamburguer, etc, etc, etc. Não é possível que nada sirva para substituir o hashi. Maaaaaas, continuamos resistentes às "novas" tecnologias, como aquele senhor de idade que não quer nem saber de aprender a usar um computador.

Não entendo bem essa resistência, notada principalmente em algumas culturas. É como não sair da caverna, ou não descer das árvores.

Conclusão? Nenhuma...
Mas não entendo essa mania de olhar pra trás.... ¬¬

14 comentários:

  1. não foi vc q me ensinou a usar o hashi?
    mas concordo com as idéias gerais

    de qq forma, entre pauzinhos e talheres de plástico, fico com os primeiros q sao biodegradáveis

    mas enfim... tava pensando aqui... até q nossa tia que quer viver nos anos 50 é bem moderninha em termos de informática... uehehee
    irônico, não?

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  2. E como diz a música: "me diz o que você precisa pra evoluir?". Concordo contigo...mas ser humano gosta de sofrer, nas pequenas e nas grandes coisas. È triste! Bjo

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  3. civilização e evolução não são de maneira alguma coisas fáceis de se atingir.

    existem apenas duas maneiras pelas quais o homem pode alcançá-las: uma é sendo culto, a outra é sendo corrupto. ceder as tentações.

    quem não tem vocação (ou oportunidade) para nenhuma das duas, estaguina.

    voilà! esse é o grande problema em evoluir.

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  4. Nao é uma questao de tradição ou evolução,
    se vc ta pagando pra comer pexe cru com arroz de papa e sem gosto envolto em mato do mar em molho shoyo, vc tem o direito de plmns se divertir com os palitinhos
    ninguem faz karate ou kung fu pensando que vai ser uma arma na rua, a questao é só essa, diverção.
    Essas coisas "inuteis" sao pra nos entreter
    pq se fosse pra ser MUITO util todos teriamos de ser macrobioticos se alimentando de bolas de nutrientes que nem mesmo talheres sao necessarios pra comer, mas oq teria de divertido nisso?

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  5. caro wotton, "ceder", neste caso, é verbo intransitivo e, por isso, seria "às tentações", com acento grave.
    ademais, estagna tem o "g" mudo.

    2x1 \o/

    zoação mode: on haiehaieh

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  6. Ah, hoje eu vim pra discordar :P
    Fora a parte do status, usar os pauzinhos é (ou deveria) envolver valores subjetivos neste ato de comer. O prático não é necessariamente o mais bacana.

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  7. Ixi.
    Acho que discordo de quase tudo.
    rsrsrsrs...
    Não sou muito fã dessa filosofia de que o melhor (e mais evoluído) é aquilo que é mais rápido, prático e eficiente.
    Acho que o bom é o que é feito com calma, prazer, e bastante significado. E nisso, esses tais orientais são mestres, com seus rituais de comida e artes marciais (que têm muito mais de arte que de Marte).

    E quanto ao sushi. Você já tentou comer sushi com garfo e faca? Eu já tentei e fiz uma bela de uma lambança. rsrsrs...

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  8. o "estagnar" realmente foi um vacilo.
    estou tão acostumado com a língua da Rainha, que me distraí escrevendo naquela que chamam a "última flor do lácio".

    quanto ao acento, estou ciente, mas meu notebook não me respeita.

    mas, obrigado.

    tirando a sua obviedade como ser feminino, você é um exemplar interessante de ser estudado.

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  9. "última flor do lácio"

    engraçado... me lembro exatamente da última vez que vi essa expressão... e coincidentemente foi utilizada por alguém que tem dificuldade com crase e adora o Lord Henry

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  10. minha obviedade tem mais a ver com minha condição de ser humano do que com meu gênero.

    assim, como todo mundo, né.

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  11. Última flor do Lácio, inculta e bela,
    És, a um tempo, esplendor e sepultura:
    Ouro nativo, que na ganga impura
    A bruta mina entre os cascalhos vela...

    Amote assim, desconhecida e obscura,
    Tuba de alto clangor, lira singela,
    Que tens o trom e o silvo da procela
    E o arrolo da saudade e da ternura!

    Amo o teu viço agreste e o teu aroma
    De virgens selvas e de oceano largo!
    Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

    Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
    E em que Camões chorou, no exílio amargo,
    O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

    Olavo Bilac

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  12. também estudei olavo bilac no colégio.

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  13. sim, concerteza a modernidade é mais fácil. mas dou valor sim às tradições, são elas que dão uma direção pros povos.. se o mundo anda assim sem tempo, doido e maluco, boa parte deve ser atribuída as tradição perdidas. As pessoas ficam assim, sem identidade, sem ideologia.. ahhh pode parecer bobo.. mas é mais tediante do que brega ver crenças não acha? o avô passando pro neto e tals.. sei lá! é difícil ver alguém acreditando em alguma coisa hoje em dia! então acho que melhorar tecnicamente nem sempre é evoluir! na época da espada existia honra.. na época das bombas atômicas que mata um continente existe só a grana!

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  14. O engraçado é que o Sr. Wotton conseguiu colocar o acento grave em "voilà!"!!!

    ha ha ha

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