A rotina do tempo é o relógio ou a rotina do relógio é o tempo? Perguntarei depois para meu amigo Arnaldo Antunes...
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Creio que a invenção do relógio veio da necessidade humana de querer ver o que não se deve. Temos essa necessidade de transformar uma coisa ruim em coisa pior. Sim, não gosto dos relógios. Os relógios são mais chatos do que minhas tias chatas, sempre tendem a me acordar quando não quero. Eles também são malvados,quando quero que os ponteiros deles girem depressa, ..., esses começam a se arrastar.
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Sem contar as outras inúmeras maldades que o tempo nos apronta...
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O lado positivo para mim do relógio é alimentar meu TOC, ao me deparar com horas e minutos iguais, eu sempre acho que isso significa algo positivo, é uma sensação boa, meus minutos mágicos...tsc!
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Queria dividir com vocês um conto premiado muito bacana sobre um diálogo entre o tempo e o relógio, é bem bonitinho... só que desconheço a autoria:
"Certa vez, o tempo e o relógio se encontraram (embora estejam todo tempo juntos).
O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha guardando. Que ele, tempo, tinha saudades daqueles tempos em que não existiam relógios e todo mundo tinha tempo. Mas, quando o homem, ingrato, fabricou o relógio que começou a marcar tempo, ninguém mais conseguiu ter tempo. O homem ficou reduzido a horas, minutos e segundos.
"Antes, naqueles bons tempos" - disse o tempo - "todo homem tinha tempo de curtir a natureza. Viviam com o sol de dia, dormiam com a lua à noite".
"Quando a lua caprichosa não queria aparecer, era um bando de estrelas que piscavam brincalhonas, dando tempo para o sol nascer".
"Mas agora, nestes tempos, ninguém mais tem tempo de ver se a lua vem sorrindo para a direita ou para a esquerda, se está de cara cheia ou de mau humor, sem querer aparecer".
O tempo prosseguiu com um sorriso de tristeza.
"Antigamente - que tempos! - os homens nasciam no tempo certo em que tinham de nascer. Não havia incubadeira para os fora de tempo nem cesariana para os que passam do tempo. A natureza sabia, em tempo, quando era tempo. Hoje, o homem já obedece a você, mesmo antes de nascer. Os médicos estão apressados e sem tempo para perder".
O relógio só ouvia e, apressado, prosseguia no seu tic-tac sem tempo de retrucar, com medo de se atrasar.
"Noutros tempos" - disse o tempo - "o homem crescia sem pressa, com tempo de amadurar. Comia sem ter horário, dormia quando tinha sono. Fazia amor ao relento, como flores que se beijam, como aves que se aninham. Envelhecia aos pouquinhos, como um calmo entardecer. Depois, dormia o sono profundo e, no outro despertar, abraçava-me com carinho, no infinito...no infinito...".
O tempo enxugou uma lágrima, talvez de orvalho. A voz que estava embargada, tomou uma conotação de revolta:
"Hoje, vai logo para a escola e traz para casa um horário. Quando aprende a ler as horas ganha do pai um relógio e, assim, ensinam-lhe bem cedo a maneira mais correta de nunca ter tempo na vida".
O tempo não se preocupava mais com o tic-tac do relógio que nada retrucava para não se atrasar. Continuou a sofismar com voz mais branda.
"Come apressado, sem tempo. Dorme ainda sem sono, pois, de manhã bem cedinho, você começa a gritar arrancando-o da cama, quando ainda queria dormir".
"Amor? Nem sei se ainda faz... há gente que nem tem tempo. Quando faz é no zás-trás. Quando vê, já envelheceu, sem ver o tempo passar".
"Na hora do sono profundo, enterram-no apressados, para a vida continuar. E no outro despertar, chega tão abobalhado que não consegue me achar".
Ao relógio, sem poder nunca parar, só restava se calar. Além do sentimento de culpa que passou a carregar, a partir desse tempo, quando bate as doze badaladas no silêncio da meia-noite, o canto é tão melancólico que até parece chorar."
O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha guardando. Que ele, tempo, tinha saudades daqueles tempos em que não existiam relógios e todo mundo tinha tempo. Mas, quando o homem, ingrato, fabricou o relógio que começou a marcar tempo, ninguém mais conseguiu ter tempo. O homem ficou reduzido a horas, minutos e segundos.
"Antes, naqueles bons tempos" - disse o tempo - "todo homem tinha tempo de curtir a natureza. Viviam com o sol de dia, dormiam com a lua à noite".
"Quando a lua caprichosa não queria aparecer, era um bando de estrelas que piscavam brincalhonas, dando tempo para o sol nascer".
"Mas agora, nestes tempos, ninguém mais tem tempo de ver se a lua vem sorrindo para a direita ou para a esquerda, se está de cara cheia ou de mau humor, sem querer aparecer".
O tempo prosseguiu com um sorriso de tristeza.
"Antigamente - que tempos! - os homens nasciam no tempo certo em que tinham de nascer. Não havia incubadeira para os fora de tempo nem cesariana para os que passam do tempo. A natureza sabia, em tempo, quando era tempo. Hoje, o homem já obedece a você, mesmo antes de nascer. Os médicos estão apressados e sem tempo para perder".
O relógio só ouvia e, apressado, prosseguia no seu tic-tac sem tempo de retrucar, com medo de se atrasar.
"Noutros tempos" - disse o tempo - "o homem crescia sem pressa, com tempo de amadurar. Comia sem ter horário, dormia quando tinha sono. Fazia amor ao relento, como flores que se beijam, como aves que se aninham. Envelhecia aos pouquinhos, como um calmo entardecer. Depois, dormia o sono profundo e, no outro despertar, abraçava-me com carinho, no infinito...no infinito...".
O tempo enxugou uma lágrima, talvez de orvalho. A voz que estava embargada, tomou uma conotação de revolta:
"Hoje, vai logo para a escola e traz para casa um horário. Quando aprende a ler as horas ganha do pai um relógio e, assim, ensinam-lhe bem cedo a maneira mais correta de nunca ter tempo na vida".
O tempo não se preocupava mais com o tic-tac do relógio que nada retrucava para não se atrasar. Continuou a sofismar com voz mais branda.
"Come apressado, sem tempo. Dorme ainda sem sono, pois, de manhã bem cedinho, você começa a gritar arrancando-o da cama, quando ainda queria dormir".
"Amor? Nem sei se ainda faz... há gente que nem tem tempo. Quando faz é no zás-trás. Quando vê, já envelheceu, sem ver o tempo passar".
"Na hora do sono profundo, enterram-no apressados, para a vida continuar. E no outro despertar, chega tão abobalhado que não consegue me achar".
Ao relógio, sem poder nunca parar, só restava se calar. Além do sentimento de culpa que passou a carregar, a partir desse tempo, quando bate as doze badaladas no silêncio da meia-noite, o canto é tão melancólico que até parece chorar."
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Desejo mais tempo do que relógios pra vocês! ;)
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Outros posts sobre relógios em:
Quero ser vermelho!
é...
ResponderExcluirtb não gosto de relógios
e gosto menos ainda dos que possuem despertadores
=p
Tadinho do relógio!
ResponderExcluirEle nao tem culpaaa, é a função que o homem deu pra ele! ehehehe
Eu to sem relógio e to sentindo muita falta dele! Nele eu preciso marcar o tempo das sessões dos meus pacientes pra eu nao me atrasar e ter tempo pra depois eu descansar!!!!!
Adoreei!!!!!!
Hoje nem mesmo o relógio pode atrasar; se por ventura o fizer é despejado logo, logo. O tempo prende as pessoas de tal maneira que feliz é aquele que se torna "senhor do tempo". O tempo hoje é mais importante até que o espaço. Livramos-nos disso rapidamente. Gostei do teu Blog, sempre que puder acompanharei teus posts e textos.
ResponderExcluirhttp://marcostrauss.blogspot.com/
Ahhh adorei essa fábula...e que tenhamos mais relógios sempre então rs
ResponderExcluirBjooo
Nossa show demais esse conto! Resume o viver da humanidade hoje em dia! o pobre viver.....
ResponderExcluirEu to precisando mesmo, principalmente daquele pipipi parar de me levantar tão cedo!
ResponderExcluirO problema do tempo contado e incubado no relógio, pra mim, é que ele tira nosso ritmo natural. Nosso tempo pessoa não se conta em segundos.
ResponderExcluir=*
Eu sou "vendida" nesses casos : só gosto do relógio quando o tempo está a meu favor.
ResponderExcluirSimples assim. Pura cara-de-pau.
Beijo, beijo.
ℓυηα