sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O pragmatismo do feminismo

Ultimamente tenho pensado que não é muito útil ser feminista, quando se é heterossexual (a não ser que você seja homem, porque homem feminista é lenda, mito urbano e todo mundo adora uma raridade). Na verdade, nunca é bom ser sexista - sim, o feminismo radical é sexismo -, pois tolerância e ideais de igualdade tornam a sociedade mais harmônica e pacífica.
Ser uma mulher heterossexual hodiernamente, dessa forma, não tem sido algo fácil. O feminismo nos trouxe, a bem da verdade, uma evolução e uma verdadeira revolução femininas nos âmbitos intelectual, empregatício e educacional. Isso não se pode negar.
Vejo que, ato contínuo, provocou nas mulheres uma repulsa à figura masculina tradicional – arrogante, dominadora, ignorante, arbitrária e preconceituosa – pois nada mais do que natural é repudiar seu opressor (a não ser que se sofra da famosa síndrome de Estocolmo).
Ademais, em pleno século XXI, você ainda encontra verdadeiros neardentais machos por aí que insistem em apregoar a superioridade masculina, nos mais diversos âmbitos, alegando, em seu favor, a incapacidade das mulheres de ter controle emocional. Eles esquecem convenientemente que a fragilidade emocional (e até mesmo física) do homem é mais incisiva que a feminina, porque primariamente, ao passo que nós suposta e involuntariamente procuramos um macho para nos “proteger”, mas suportamos sós as vicissitudes que a vida nos impõe, os homens comuns procuram uma segunda figura materna para lhes prestar os MAIS DIVERSOS TIPOS de cuidados. Isso também não se pode negar.
Eu mesma já passei por uma situação em que, se eu estivesse armada, teria cometido uma tragédia. Um colega de sala, na faculdade, teve a capacidade de me dizer que as mulheres podem, sim, ser tão inteligentes quantos os homens, mas, por não terem equilíbrio emocional, não podem ser boas profissionais, restando-lhe apenas o serviço doméstico enriquecido por ensino superior. Veja bem: eu e ele prestamos o mesmo vestibular; fomos ambos julgados “dignos” (entre aspas, porque hoje em dia não há muita dignidade em faculdade pública) de estar ali e ele realmente achava que meu lugar era no fogão. Veja por outro ângulo: o mesmo babaca por pouco não se formou por não ter o mínimo de competência pra fazer seminários e/ou trabalhos acadêmicos copiados da internet.
Tudo isso que foi mencionado apenas serve para reforçar o espírito feminista naquelas mulheres que, com senso crítico, sofrem esse tipo de realidade e notam que os papéis tradicionalmente interpretados por mulheres e homens são deturpados, uma vez que se chega à conclusão de que ser do o sexo feminino não determina sua capacidade intelectual e, sim, diversos outros fatores, como educação, recebida em casa e na escola, e personalidade.
Minha indagação, no entanto, permanece: onde está a utilidade prática em repudiar os homens e/ou lhes rogar pragas (não estamos falando de diversão aqui, meninas) e ser heterossexual ao mesmo tempo? Longe de mim apregoar acomodação ou aceitação. Não sou, de formal alguma, acomodada; de fato, sou incomodada o tempo todo. A questão é que não vejo muita utilidade em maldizer e amaldiçoar o sexo masculino quando se acaba apaixonando por um desses espécimes.
Solução? Ser pós-feminista. Confesso que não tenho muito conhecimento teórico, mas, até onde sei, o pós-feminismo se lhe retirou as premissas mais ortodoxas de superioridade feminina e, assim, manteve idéias de igualdade entre os sexos, “que se identificaria mais com uma agenda liberal e individualista do que com objectivos colectivos e políticos, considerando que as principais reivindicações de igualdade entre os sexos foram já satisfeitas e que o feminismo deixou de representar adequadamente as preocupações e anseios das mulheres de hoje (...)”, sem, no entanto, “descartar de muitas das questões fundamentais com que as mulheres se continuam a confrontar diariamente, a nível do público e do privado” e promovendo a “reinvenção do feminismo enquanto tal, e na necessidade de o fortalecer, exigindo que as mulheres se tornem de novo mais reivindicativas e mais empenhadas nas suas lutas em várias frentes.”*
Isso significa que, no cotidiano, se faz necessário acostumar-se com as idiossincrasias masculinas, tais como não lembrar datas; esquecer a chama do fogão acesa; não se importar com o que você pensa, sente ou grita; reclamar de dor por causa de um cortezinho no dedo enquanto seu útero tá tentando te matar por dentro; entre outras que serão aferidas casuisticamente. Importante ressaltar que não se incluem dentre os maneirismos masculinos necessidades patológicas de mentir, trair ou não tomar banho – isso é desculpinha esfarrapada.
Digo por experiência própria que todo homem é, sim, machista, em maior ou menor grau, e que os menos machistas são plenamente toleráveis, se especialmente você tiver paciência de lhes mostrar que você pode cuidar de si mesma e ter controle emocional, se impor e se firmar nos seus ideais. Vale ressaltar que nada de bom vem sem esforço, mas também há a grande chance de você se empenhar por nada, porque a lógica de relacionamentos não é lógica, capisce?
Se não impedisse a reprodução, seria ideal se todos fossem homossexuais ou, melhor, vivessem em planetas diferentes: literalmente em Marte e Vênus. Infelizmente não vivemos na utopia e ainda precisamos, de formas variadas e invariavelmente, uns dos outros para existir.
Obs.: Como muito sei que não escrevo bem, a mensagem que eu gostaria de passar é: pare de lutar contra o impossível; faça concessões sem comprometer sua essência.
* MACEDO, Ana Gabriela; AMARAL, Ana Luísa (Orgs.). Dicionário da Crítica Feminista. Porto: Afrontamento, 2005. p. 153-154

5 comentários:

  1. "Minha indagação, no entanto, permanece: onde está a utilidade prática em repudiar os homens e/ou lhes rogar pragas (não estamos falando de diversão aqui, meninas) e ser heterossexual ao mesmo tempo?"

    é, não vou mais me gabar de ser prática
    até pq não tenho sido em mta coisa

    eu cansei de me apaixonar por homens, e sou totalmente inapta a me apaixonar por mulheres

    estive pensando em fazer uma lobotomia, q cê acha?

    uashahshashsa

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  2. A ideia extremista do Feminismo não me agrada nadinha. Sou partidária da feminilidade (que comporta, sim, inteligência, eficiência, seriedade, profissionalismo, esperteza e sacanagem, da boa e da ruim, ué).

    Assim como quero / gosto de homens protetores e eles não reclamam (não dizem que não estão aí para dar uma de pai), não vejo nada de mal em usar meu instinto materno comedidamente na relação.

    Se a lobotomia da Ana B. funcionar eu gostaria de ser avisada.

    Grata.

    ℓυηα

    Rs

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  3. Bem...

    Eu deixo a perpetuação da espécie com vcs... hehehehe

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  4. Primeiramente: Eu acho q a Gabi escreve bem =)

    Depois eu li o post todo achando q a norora tinha escrito, pq aconteceu o fato:

    "Eu mesma já passei por uma situação em que, se eu estivesse armada, teria cometido uma tragédia. Um colega de sala, na faculdade, teve a capacidade de me dizer que as mulheres podem, sim, ser tão inteligentes quantos os homens, mas, por não terem equilíbrio emocional, não podem ser boas profissionais, restando-lhe apenas o serviço doméstico enriquecido por ensino superior."

    igualzinho comigo e com a Ana a vida inteira naquela merda de UEG.

    Sempre falei q Anápolis é uma cidade mto machista, os homens, os chefes, os professores TODOS...
    Concordo q existam espécimes em tds os lugares, mas em Goiás é regra e não exceção!

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