quinta-feira, 21 de abril de 2011

Não era uma vez

Pudera eu começar com “Era uma vez...”

Conheci uma menininha que quando criança não gostava de ninguém. Ela tinha uma carinha de menina, mas ela já sabia que tinha crescido. Ela sabia que tudo que parecia ser natural e fácil enquanto criança seria um daqueles tormentos que gente grande passa a ter. Aquela mania de ficar perto da mãe durante conversas com outros adultos não era medo de ficar só, era apenas o cansaço das conversas com outras crianças, crianças que sabiam aproveitar o seu momento de não pensar nas coisas, mas ela não sabia.

Não sei se por que pensava, sofria. Mas ela sofria por pensar demais.

Que bobeira da menininha! Ela cresceu, e agora parece ser a menininha que não deu conta de ser antes...

Conheci uma mulherzinha que quando mulher gostava de gostar das pessoas, trocava seu gostar por qualquer minuto de atenção que qualquer pessoa pudesse lhe oferecer. Ela tinha um rosto de mulher, mas não sabia que tinha crescido. Ela achava que tudo que parecia ser natural e fácil assim seria para conseguir. Ela não gostava dos assuntos sérios, conhecidos como “assuntos de adultos”, do trabalho, do salário mínimo, do desconforto em crescer, das trocas dos pés pelas mãos, das angústias em ser enganada por algum outro ser humano... O cansaço dela era de ter que assinar e cumprir todo o "contrato social" e não poder aproveitar sua vida sem estar amarrada nestas coisas.

5 comentários:

  1. pois é. somos obrigadas a assinar esses contratos terríveis,...

    como eu disse... texto lindo, apesar de triste... e realista

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  2. Muito gostosa a leitura de sua crônica.

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  3. Bem doentinhas, e doenças comuns a todos que queremos escapar destes contratos! Saudades deste espaço!

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