O dia de finados nunca foi muito importante para mim, mas
quando a minha avó era viva, e eu estava na cidade dela, era comum ir com a
família visitar o túmulo do meu avô. Em 2006 minha avó morreu, e desde o
enterro, eu ainda não voltei ao cemitério.. Hoje estive pensando, se
eu estivesse lá perto, eu visitaria o túmulo. Eu iria porque a minha avó
gostaria disso, e também porque ela nunca me cobraria algo assim, mesmo sendo
importante para ela.
Eu sei, eu não preciso do dia de finados pra lembrar da
minha avó. Lembro dela quase sempre, em momentos simples, como quando saio com
o cabelo despenteado ou com a roupa amassada, lembro dela sorrindo e falando: “-
A Ana Laura vai sair assim?” Se eu respondesse que sim, ela riria alto,
chegaria perto de mim, me daria um cheiro e um beijo. E só.
Quase tudo que me lembro da minha avó, com relação a mim, se
trata dela feliz comigo. Quando se trata de todos os filhos, todos os netos,
todos os bisnetos, tudo se resumia a duas coisas: sorrisos quando estávamos felizes
ou suspiros ansiosos pela felicidade de cada um. Isso é coisa de vó, você pode me dizer. Pode ser...
Mas isso não diminui a lição deixada por ela, sobre amar de verdade.
Em outubro de 2006 minha avó se foi, e em dezembro de 2006,
eu fiz uma tatuagem no pé, com uma das últimas coisas ditas por ela. Eu não fiz
essa tatuagem para ela, eu fiz essa tatuagem porque quando a minha avó morreu,
eu tinha medo de um dia esquecê-la. Eu era bocó demais, mal sabia que algumas
pessoas são realmente inesquecíveis, dessa forma, o tempo nunca apaga as
lembranças e o os sonhos sempre a trazem de volta. Eu acho estranho falar sobre
a eternidade, mas creio se tratar de um amor eterno...
Minha avó não aprovaria, nem criticaria minha tatuagem, provavelmente
ela iria sorrir diante da minha ingenuidade de ter medo de esquecê-la, e da
minha felicidade desengonçada por ter encontrado um meio de burlar esse medo. Porque
a minha avó sabia mais do que ninguém: amar é sobre querer ver os outros felizes, mas
não necessariamente sobre ser feliz.
Por essas e outras, acredito que amor não é pra qualquer um,
assim como não pode ser dedicado a qualquer um. Por essas e outras, eu sou do
tipo que ama poucas pessoas. Talvez eu tenha um estoque menor de amor a oferecer... Ou talvez eu tenha sido tão amada, por gente tão especial, que eu não consigo gastar meu tempo e meu amor com qualquer pessoa.
Gostei do que vc disse sobre o amor, concordo.
ResponderExcluirE me identifico com o outro lance de não gastar amor com qualquer um, tbm me sinto tão amada que não pretendo um amor meia boca pra ninguém...
Nhá, que bonitinho!
ResponderExcluirvoce disse tudo, nossas avos sempre sao as mais sábias, nao precisam dizer nada, so um sorriso...e o amor realmente sao poucas as pessoas que sabem o que é de verdade
ResponderExcluirEspero algum dia ter pra alguém a importância que sua avó teve pra você. Lindo texto, Nororis =)
ResponderExcluiro q tem escrito no pé?
ResponderExcluirque belíssimo texto, Ana!
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