Hoje vou aderir a
prática de falar do que não conheço, me perdoem por isso. De modo
geral, não me interesso por bet sellers, não sei o motivo
exatamente... Procuro ler mais os livros clássicos, porque tenho a
impressão de que eles foram consagrados pelo tempo, e que o mau
gosto não resiste ao tempo. Confesso que quando vi que havia um
livro chamado “50 tons de cinza”, achei que poderia me
interessar, simplesmente por conter a palavra “cinza” no
título... Mas ao ler o resumo e algumas críticas, desanimei.
Romances sobre mulheres
que encontram um homem que muda a vida delas, nunca foram meu forte.
Sei lá, deve ser trauma por Primo Basílio e Madame Bovary. Embora
“50 tons de cinza” não fale sobre adultério, tenho a impressão
que fala de uma moça entediada com a sua vida amorosa, até a
chegada de um messias salvador do amor. Não sei como termina, mas
pelo que soube, ao menos no princípio do livro, o par da protagonista
faz uma série de exigências à mocinha, o que inclui um contrato de
sigilo sobre a relação sadomasoquista. A menina não parecia
interessada no sadomasoquismo, mas acaba aceitando em função do
interesse que possui no mocinho que propõe o contrato.
Como juntei partes de
críticas, posso estar enganada. Realmente não vou ler o livro,
porque o enredo da história não me interessa. Contudo, não vou
dizer que o sucesso do livro é uma lástima. Na verdade, acho que o
alcance desta publicação nos oferece uma algumas questões para
refletir.
- Qual a grande diferença entre “50 tons de cinza” e aqueles romances com nome de mulher que as senhoras compram nas bancas?
- Porque as mulheres precisam de romance nas pontas da história pra ler contos eróticos?
Acredito que o livro
não passa de uma seleção de contos eróticos sadomasoquistas
romantizados. Contudo, acredito que seja um fato positivo que as
mulheres estejam lendo sem pudor, mesmo que o tema seja polêmico...
O marketing por trás da trilogia teve lá seu impacto positivo, e
para mim, o marketing é a única diferença entre esta e outras
publicações eróticas para o público feminino que não tiveram o
mesmo sucesso.
Apesar da parte
positiva, do incentivo que o livro faz para que as mulheres descubram
seus próprios desejos sexuais, não sei se a balança fica positiva.
Aparentemente, a moça se submete demais...Por amor ela se submete a vontades sexuais do parceiro das quais ela não compartilhava.
Eu tenho sérios
problemas com submissão. Mal consigo me submeter a trabalhar em
horário comercial pra receber um salário no fim do mês, não
consigo me submeter a uma dieta para emagrecer, não consigo me
submeter a disciplina pra ser mais produtiva... Porque me submeteria
a um homem para ter o seu amor, se já de início não teria?
Pelo que vi, o livro
cai no clichê que mais me apavora: o de fazer coisas em troca de
sentimentos. Os sentimentos são espontâneos, eles não podem ser conquistados através de barganha. E pelo que li, na história estão
contidos os dois tipos de barganha que mais me apavoram: barganha
sexual e barganha financeira.
Enfim, não posso
concluir se o saldo do livro é positivo, porque realmente não
pretendo me submeter a sua leitura. Mas posso dizer que o sucesso é
superestimado. Livros parecidos já devem ter sido publicados, devem
estar numa banca perto de você, talvez sem o sadomasoquismo, mas com
histórias picantes denominadas Júlia, Marieta, Renata, Fulana e
cia.
*Obs: tema sugerido pela nossa leitora e cia de Lollapalooza, Jéssica Passos.
sabe, quando eu vi esse livro a primeira vez, o nome, com tantos cinzas, me fez pensar que talvez vc fosse gostar.
ResponderExcluiraí foi a mesma coisa, ouvi falar sobre o conteúdo, e soltei um sonoro "bleh", pelos mesmos motivos.
realmente são clichês apavorantes, e temas que fogem à minha área de interesse, sem nada de novo ou nada a acrescentar.
nunca vou entender a lógica dos best sellers... o_0