sexta-feira, 23 de novembro de 2012

50 tons de não li, mas vou comentar assim mesmo.


Hoje vou aderir a prática de falar do que não conheço, me perdoem por isso. De modo geral, não me interesso por bet sellers, não sei o motivo exatamente... Procuro ler mais os livros clássicos, porque tenho a impressão de que eles foram consagrados pelo tempo, e que o mau gosto não resiste ao tempo. Confesso que quando vi que havia um livro chamado “50 tons de cinza”, achei que poderia me interessar, simplesmente por conter a palavra “cinza” no título... Mas ao ler o resumo e algumas críticas, desanimei.

Romances sobre mulheres que encontram um homem que muda a vida delas, nunca foram meu forte. Sei lá, deve ser trauma por Primo Basílio e Madame Bovary. Embora “50 tons de cinza” não fale sobre adultério, tenho a impressão que fala de uma moça entediada com a sua vida amorosa, até a chegada de um messias salvador do amor. Não sei como termina, mas pelo que soube, ao menos no princípio do livro, o par da protagonista faz uma série de exigências à mocinha, o que inclui um contrato de sigilo sobre a relação sadomasoquista. A menina não parecia interessada no sadomasoquismo, mas acaba aceitando em função do interesse que possui no mocinho que propõe o contrato.

Como juntei partes de críticas, posso estar enganada. Realmente não vou ler o livro, porque o enredo da história não me interessa. Contudo, não vou dizer que o sucesso do livro é uma lástima. Na verdade, acho que o alcance desta publicação nos oferece uma algumas questões para refletir.

  1. Qual a grande diferença entre “50 tons de cinza” e aqueles romances com nome de mulher que as senhoras compram nas bancas?
  2. Porque as mulheres precisam de romance nas pontas da história pra ler contos eróticos?

Acredito que o livro não passa de uma seleção de contos eróticos sadomasoquistas romantizados. Contudo, acredito que seja um fato positivo que as mulheres estejam lendo sem pudor, mesmo que o tema seja polêmico... O marketing por trás da trilogia teve lá seu impacto positivo, e para mim, o marketing é a única diferença entre esta e outras publicações eróticas para o público feminino que não tiveram o mesmo sucesso.

Apesar da parte positiva, do incentivo que o livro faz para que as mulheres descubram seus próprios desejos sexuais, não sei se a balança fica positiva. Aparentemente, a moça se submete demais...Por amor ela se submete a vontades sexuais do parceiro das quais ela não compartilhava.

Eu tenho sérios problemas com submissão. Mal consigo me submeter a trabalhar em horário comercial pra receber um salário no fim do mês, não consigo me submeter a uma dieta para emagrecer, não consigo me submeter a disciplina pra ser mais produtiva... Porque me submeteria a um homem para ter o seu amor, se já de início não teria?

Pelo que vi, o livro cai no clichê que mais me apavora: o de fazer coisas em troca de sentimentos. Os sentimentos são espontâneos, eles não podem ser conquistados através de barganha. E pelo que li, na história estão contidos os dois tipos de barganha que mais me apavoram: barganha sexual e barganha financeira.

Enfim, não posso concluir se o saldo do livro é positivo, porque realmente não pretendo me submeter a sua leitura. Mas posso dizer que o sucesso é superestimado. Livros parecidos já devem ter sido publicados, devem estar numa banca perto de você, talvez sem o sadomasoquismo, mas com histórias picantes denominadas Júlia, Marieta, Renata, Fulana e cia.

*Obs: tema sugerido pela nossa leitora e cia de Lollapalooza, Jéssica Passos.

Um comentário:

  1. sabe, quando eu vi esse livro a primeira vez, o nome, com tantos cinzas, me fez pensar que talvez vc fosse gostar.

    aí foi a mesma coisa, ouvi falar sobre o conteúdo, e soltei um sonoro "bleh", pelos mesmos motivos.

    realmente são clichês apavorantes, e temas que fogem à minha área de interesse, sem nada de novo ou nada a acrescentar.

    nunca vou entender a lógica dos best sellers... o_0

    ResponderExcluir