Aquário

Quando uma de suas melhores amigas sonha que você deixou o seu filho no aquário, seu caso é grave?

Todo mundo sabe que quando eu digo que toparia ser mãe seria mode adoção. Aí minha comparsa diz que eu aceitei criar um garoto que deixaram em minha porta, mas coloquei a pobre criança em um aquário.

Bem, acordar ao meio dia e ouvir uma narrativa dessas pode ser assustador... Mas eu não me assustei, só me imaginei jogando a ração pra criancinha! Sim, uma ração de bolinhas, tipo a que eu deixava pro meu peixinho Floop! E talvez eu abandonasse meu filho na primeira lagartixa, assim como fiz com o Floop quando passei a propriedade dele pra minha mãe, porque uma lagartixa caiu no aquário e o Floop matou a infeliz com uma mordida e eu não era capaz de limpar o aquário!

Enfim, talvez o sonho seja mais um prova, de que o máximo de maternidade que eu sou capaz de suportar é um blog!

Sobre quem pensa que isso é um discurso vazio: que me veja falar sobre o cachorro lá de casa. Já que dizem que os cães são uma preparação pra maternidade... Que vejam minha paciência com o “baby” da família! Porque quando ele chorou demais, apesar de eu ter tentado, eu acabei me trancando no quarto com o som bem alto pra não ouvir mais... Quanto às crianças humanas, eu tenho meia hora de paciência, até implorar que a mãe chegue, desesperadamente, com medo de que meus instintos assassinos sejam despertados!

Ah... o que eu penso sobre isso? Eu não tenho medo de querer ser mãe não.. Eu tenho medo de querer e depois me arrepender, e acabar na primeira página de um jornal local! Eu tenho medo de ceder as vontades dele... E ele, bem, é um só! Não este último, mas talvez o anterior...

De qualquer forma, me alivia a certeza de que posso entregar a pobre alma dependente aos cuidados de meus familiares... Que aceitaram o cachorro da família pseudo-abandonado pela minha irmã, e mimariam uma criança emocionalmente abandonada pela mãe!

Eu sei que aprendi a lidar com minha mania de abandonar... Sejam seres vivos, sejam sonhos, sejam histórias... Eu aprendi a desistir!

Então, talvez pelo grau, talvez por pura consciência, expresso aqui meu abandono pela exigência social do instinto de maternidade! Desculpem, mas eu não nasci com essa vontade! E as poucas vezes que tive 5 segundos de desejo de tê-la, não foi por vocação, mas por achar que meus pais mereciam netos! Netos que vingassem as minhas chatices... como aquelas que eu demonstrei na quarta feira!