domingo, 7 de fevereiro de 2010

Os mofados.


Sabe, eu não me acho falsa, mas confesso que tenho uma bruta incapacidade para descartar as pessoas, para expulsá-las da minha vida, para pedir para fazerem as trouxinhas e irem embora!

Vez ou outra faço caretas que explicitam meu repúdio interiorizado, mas raramente sei ignorar, apenas continuo socializando, como se fosse obrigatório.  E as pessoas vão ficando, ficando, ficando... Como papel velho que eu guardo em estantes velhas!

Tem pessoa que antes era importante, mas deve ter passado por alguma lavagem cerebral e foi ficando indigesta...  E de repente não sabe mais ouvir, sabe apenas falar, além disso parece invejar a tudo e a todos,  e possui mais necessidade de tirar uma foto do que de perguntar se está tudo bem. Aparece apenas pra desabafar, pedir favores ou roubar minha paz. E eu guardo gente assim, talvez pela “época dourada”, pela esperança de que, um dia, um insight faça a pessoa perceber que é capaz de ser muito melhor do que tem sido, talvez pela ingenuidade que ainda tenho.

Além dessas, existem as superfaturadas. Sim, eu acho que é exagero meu...  Mas continuo alimentando egos alheios, esvaziando o meu, quando devia apenas me retirar com a pouca classe que me resta...

Tudo isso porque no meu teclado social falta a tecla “delete”, e talvez eu me livre só daqueles que nunca gravei, que tolerei apenas por falta de opção.

As pessoas com quem eu desejei conviver em algum momento, ainda que hoje me pareçam maçantes, eu não consigo apagar. Acabo esperando até que elas se apaguem sozinhas. O mais triste, é que a internet prolonga muito o “não apagar”, e as pessoas que eu devia jogar fora, adoram aparecer pela internet. Acho uma falta de respeito. Porque pela internet fica mais fácil disfarçarem o mofo.

Mas sou obrigada a reconhecer que uma pessoa mofada às vezes se faz interessante de repente, assim como um papel amarelado, reencontrado numa gaveta esquecida, pode recuperar sua importância após uma breve releitura...

De qualquer forma, os mofados não se comparam às pessoas que nunca se deixaram amarelar, embolorar, mofar... Sei lá...

Porque mesmo que a gente coloque a pessoa no sol, e ela fique como nova, o anti-mofo sempre se faz necessário, e nem sempre é agradável. Entende? Uma vez mofada, dificilmente a pessoa compensa o custo que proporciona...

Eu acho. Pelo menos hoje, um dia em que o cheiro do mofo alheio me embrulhou o estômago.


“- Eles mofaram. Eu não tinha reparado em que eles tinham prazo de validade. É preciso prestar atenção a isso. (...) Começaram a ter traços de apodrecimento, manchas verdes muitíssimo repugnantes. O que eles diziam começava a verdadeiramente cheirar mal...
- Isso pode ser perigoso.
- Sim, eles teriam podido causar-me uma intoxicação.
-Você os pôs em quarentena?
- Não, não houve necessidade, eles se projetaram sozinhos em suas vidas enfermiças.”


Acho que minha geladeira, no antigo apartamento, representava bem a minha vida. Lá havia muita coisa perdida, bolorada, estragada, mofadésima... Mas eu deixava tudo lá... Só que eu tinha a Simone, minha ajudante abençoada, pra me livrar daquilo de vez em quando, e ela não pode me ajudar com as pessoas mofadas!  O jeito é esperar... Até que, um a um, os mofados voltem pras suas vidas enfermiças... Ou não!
 

5 comentários:

  1. Há, gostei muito desse post!
    Gostei da citação!*_*
    E por um instante fiquei até com saudade daquela sua geladeira do AP, afinal sempre tinha uma cervejinha esquecida..kkkkkkkkkkkk

    Mofo deveria ser algo mortal e pronto,neah? hauishuisahiuash

    Ow, e o q vc tem contra pessoas que "amarelam"? sacanagem...

    xD

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  2. Eu sou amarelo, as vezes sou roxo, depende do clima, do tando que bebi ou que peguei sol, as vezes mofo, as vezes não. As pessoas realmente mofam nas nossa vidas, talvez pq esquecemos de descarta-las. Eu acho que as lembranças só bastam, o resto a gente descarta, todo mundo mofa um dia, só que tem gente que consegui isso mais rápido que os outros.

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  3. ah Juju... mas desse mofo q tow falando vc tá longe de padecer, meu amigo!

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  4. Eu não lido bem com mofo, entre outras razões, porque tenho rinite. Me afasto mesmo. ;)

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  5. o mofo sempre dá um jeito de ressurgir, mesmo que você o jogue fora. daí ele te pergunta se você o acha mofado demais e você, num ato de educação por meio do eufemismo, diz: "é... nem tanto assim... um dia passa, quem sabe..."
    mas nem a isso o mofo tem dignidade de responder e talvez dizer: "não, tô quase desmofando..."
    não, minha gente, o mofado não serve nem pra ser hipócrita "nas horas certas" haiejaheih

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