domingo, 25 de julho de 2010

"Impessoalidade atávica"




Por esses dias 'me danei' a ler Carpinejar, tempos atrás quando o descobri não teve o mesmo impacto do que agora quando o redescobri. Talvez nos últimos dias eu tenha me descoberto uma pessoa um pouco ciumenta, e seja por isso todo meu apreço pela nova obra dele,"Mulher Perdigueira", com 125 crônicas, e concordo com esse comentário que li, “ele andou descrevendo muitas pessoas com uma lupa”.

Não sei se fui manipulada pelas suas boas ideias, mas comecei a perceber também que realmente há um lado positivo na passionalidade e que não há somente aqueles efeitos colaterais e amargos. Vamos lá, concordo que mulher barraqueira é feio, concordo que a esposa bater(puxar o cabelo) na vizinha por conta do modelito que ela anda desfilando pela janela e que dá chance para o marido alheio espiar é feio também, mas mulher que expõe suas regras, que fala de seus desagrados causados quem sabe por uma parcela mínima de ciúmes, que demonstra com inteligência sua raiva perante alguma situação em que se sinta emocionalmente ameaçada, é algo totalmente válido. Afinal, é sempre bastante difícil e um tanto dissimulado um controle emocional constante.

Ao ser questionado sobre o porquê da expressão “Mulher Perdigueira”:

Carpinejar - Pensei em combater o estigma da mulher ciumenta, que parece uma louca varrida. Louco é quem não demonstra sua necessidade.(...)Mulher Perdigueira não finge equilíbrio, pois entende que o amor é puro desequilíbrio. É discutir, incomodar, provocar e apenas encontrar a paz com os pés enlaçados debaixo dos lençóis. Hoje existe uma castração do temperamento, fingimos controle, exalamos sobriedade. Tudo conversa fiada, cartão de visita. Saúde emocional é explodir na hora certa do que guardar rancor. Tudo o que não foi dito no momento terá depois o juro da desconfiança e os casais terminam falindo pelas incertezas polidas. Temos que tomar cuidado para não confundir silêncio com omissão. Parece um absurdo fazer algo pelo outro, soa como burrice, como renúncia. Vejo como cuidado. A dominação --saber quem dá mais ou quem dá menos-- é inútil para os dois que já se entregaram completamente a um relacionamento.

Ao ser questionado sobre qual a mulher contrária à Perdigueira:

Carpinejar - A mulher-vítima. Que diz ao filho que deixou de viver para cuidá-lo, que diz ao marido que deixou seus sonhos para casar. É aquela que não assume nenhuma responsabilidade sobre suas escolhas. Vive no passado, imersa no coitadismo. Bem diferente da perdigueira, que está enraizada no presente e na demonstração de suas vontades.

O negócio é que esse assunto ficou meio 8 ou 80, e não gostaria de ser nenhum tipo dessas mulheres mencionadas, mas confesso que tenho mais tendência a ser ciumenta do que vítima, não que isso seja melhor, acho que tudo se encaixa no termo está no buraco e cavando, há!

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"Os mornos podem ficar com a posse, a possessão é para quem entra no inferno ou no paraíso."[Carpinejar]





5 comentários:

  1. muito bom! e tenho dito que quem não sente ou nunca sentiu ciúmes de alguém nunca foi e nunca será a pessoa segura que aparenta ser... =D

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  2. aiai
    eu sou ciumenta de uma maneira até moderada...
    eu demonstro raiva sim... kkkk
    agora essa coisa de saber demonstrar na hora certa, existe? kkk

    enfim, vou voltar pras minhas férias dessas coisas

    mas gostei do post, vou tentar lembrar de reler qdo minahs férias acabarem! há!

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  3. Muito bom isso. Confesso que nunca li, porém ler o que tu escreveu me instigou. Se for pra escolher um dos dois tipos, por mais que sejam ai os extremos, fico com a ciumenta.
    Quem sabe vou comprar o livro para ler.

    http://marcostrauss.blogspot.com/

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  4. É.
    Um bom argumento sobre a perdigueira.
    Não acho que sejam as únicas opções, ou as melhores. Parece dura, mas parece mais fácil que a vítima.
    :P
    Só sei que quando o ciúme é uma coisa sem pé nem cabeça é hard, ahhh se é pro homem.

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