sábado, 7 de agosto de 2010

badona na terra da "bourgeoisie"

Outro dia, eu passei por uma experiência um tanto reveladora, mas não no bom sentido. Eu sou ingênua e, por isso, não tenho imaginação o suficiente para saber que existem realmente pessoas da estirpe que conheci.

Eu tinha uma vaga idéia de que seria possível existir pessoas capazes de proferir as pérolas: “No Brasil, ninguém passa necessidade. Olha à sua volta; tá vendo alguém pobre aqui?”, “Querida, brasileiro não passa fome; aqui tem salário-escola e bolsa-família pra todo mundo” ou “Que isso... Você é muito pessimista. No mundo há coisas ruins, sim, mas a maioria é maravilhosa”, mas mesmo assim fiquei bastante assustada, porque não achava que o caso era tão grave. Eu ainda reputava que isso era digno de pessoinhas esdrúxulas como artistas da Globo ou filhinhos-de-papai que nunca souberam o que é se esforçar para conseguir algo, porém ouvir isso de pessoas de quase 50 anos me deixou chocada.

Sim, eu conheci a famosa burguesia bitolada, hipócrita, mesquinha e mais um monte de coisas que eu poderia xingar aqui, que muito provavelmente se acha extremamente altruísta por dar dízimo na igreja e pagar um salário-mínimo para a empregada doméstica, ao passo que, numa noite, se enche de uísque mais caro que o preço total de carne que uma família comum consome em um mês.

Cara, foi incrível; terrivelmente um inacreditável banho de realidade. Muita gente fala que o Brasil não vai pra frente porque o “povão” é desinformado, iletrado e conformado, mas quando me deparei com esse tipo de gente, vi verdadeiramente que é muito pelo contrário. De fato, o retrocesso e a inversão de valores vêm da camada mais rica da sociedade.

Pessoas bem sucedidas que levam suas vidas sugando seu luxo do operariado ou da máquina estatal se fecham no mundinho delas e acham que a vida é só aquilo. Acordam quando são assaltadas, seqüestradas ou violentadas, mas não vêem sua colaboração para aquilo - culpam os pobres animais violentos que os cercam. É hilariamente trágico quando ocorrem “arrastões” em condomínios fechados de luxo. Deve ser uma lição difícil de ser tomada.
Eu admito que não sou otimista e geralmente não tento ver o lado bom das coisas – isso nas situações que acontecem comigo; com os outros, eu sou (haha). Tampouco tenho fé que o ser humano possui chances de um futuro melhor. A geração atual é emo e a moda é ser desonesto, vulgar, promíscuo e espertinho como os BBB’s. Isso é fato; não há como ser negado. Temo o que os dias que virão nos aguardam.

Mas você pode andar por aí com uma venda nos olhos (lógico que seria nos olhos; onde mais?); o mínimo que pode acontecer é você dar de cara com um poste – o problema é todinho seu. No entanto, por favor, não se coloque em posição de imaculado (a) por escolher não enxergar, como se isso o (a) fizesse, de alguma forma, alguém mais feliz. Apenas fuja de pessoas que pareçam ter opinião própria para evitar maiores constrangimentos.

5 comentários:

  1. "A geração atual é emo e a moda é ser desonesto, vulgar, promíscuo e espertinho como os BBB’s. Isso é fato; não há como ser negado. Temo o que os dias que virão nos aguardam."

    Tirando o emo, pra essa turma aí que visitastes, ser desonesto é regra. É a lei do jeitinho, do gerson, instituição perpétua do brasileiro... Ontem fui a um restaurante de comida japonesa famoso aqui no Recife, e na hora do almoço sempre acontece de ter fila de espera. Uma dondoca chegou e já queria entrar e ficou ofendidíssima com a "hostess". "O que tenho de fazer?" Aí eu resmunguei, chato que eu sou "O que se faz numa fila de espera: esperar". Ela saiu fazendo muxoxo e conversando com o responsável pela fila de espera. Enquanto eu passava pra entrar com meu pessoal, pude vê-la tentar convencer o rapaz a colocá-la na frente de alguém, porque "eu sou fulana de tal, filha de cicrana de tal"... enfim...
    Mas tudo o que você escreveu, é a mais pura verdade...

    Infelizmente...

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  2. não tem nem o q comentar...
    o post falou quase tudo...

    é a "elite" a parte desinformada... e fico pensando que isso só me traz esperanças de um futuro pior

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  3. A princípio eu pensei que o mundo digital seria bom, pois as pessoas poderiam filtrar melhor, se informar mais, tomar consciência das coisas realmente.

    Ao contrário da minha expectativa, as pessoas usam a possibilidade de filtrar as coisas para deixar fora as verdades inconvenientes.

    Triste...
    Dá pra temer o futuro mesmo

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  4. Eu não acho que a elite seja totalmente alienada, é só lembrar que durante a ditadura no Brasil ela foi de estrema importância pra luta.

    A ingnorância tem em todas as classes, mas o que me irrita na da elite é que eles arrotam arrogância. Vez em quanto citam algum filosofozinho pra fingir embasamento.

    Horrível.

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  5. não acho que toda a elite seja alienada, mas acho que a ignorância dela é determinante. ademais, nos casos em que é bem instruída, se utiliza disso pra manter seu status.

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