terça-feira, 21 de setembro de 2010

O limbo evolutivo

Li com bastante entusiasmo o post da No-Lipstick Badona sobre um certo "feminismo relativo", que de fato existe. Somado a isso, houve um texto que eu fiz em comentário a uma publicação de Antonio Prata, na qual ele constatou horrorizado que havia se tornado um marido. Posteriormente algumas amigas passaram por situações muito semelhantes com seus ex-namorados, me levando a concluir várias coisas sobre o sexo oposto.

Um garotinho quando cresce. Ele se torna o que? Considerando a lógica ele deveria se tornar um homem, correto? Entretanto, há um desvio lógico no processo de desenvolvimento masculino. Isso quando eles se desenvolvem.

Observo que os homo sapiens do sexo masculino, no ápice de seu desenvolvimento, tendem a se tornar Homers, e não homens, e isso ocorre de maneira espontânea. A partir do momento em que eles se tornam Homers, seu ciclo de... ahm.. er... (...) Bem, seu ciclo se completa. Não dá pra chamar de "ciclo evolutivo", "ciclo de maturação", etc... É simplesmente isso: o ciclo. Porque é fato: eles não evoluem nem amadurecem, apenas se transformam. Eis o limbo.

Do ponto de vista masculino arcaico (leia-se machista) é algo perfeitamente normal, aceitável e até desejável que o homo sapiens masculino se torne um Homer. Do ponto de vista feminino arcaico (leia-se machista) isso é tolerável, afinal cabe à mulher zelar pela família, pelos filhos, pela casa e etc; e cabe ao marido o controle remoto, as rodadas do Campeonato Brasileiro de Futebol, o UFC Premier Combat, e a cerveja.

Do ponto de vista contemporâneo sensato (leia-se adequado à realidade do século XXI, e não exatamente ou necessariamente feminista), tal metamorfose é simplesmente inaceitável: um homo sapiens masculino deve seguir outro ciclo: sair da adolescência antes dos 22 anos e se tornar um homem, não um Homer. É difícil crescer, verdade, mas é necessário.  Os homens que seguem um ciclo verdadeiramente evolutivo são capazes de compreender tal necessidade. O único problema é que Antônio da Prata (por exemplo) é excessão e não regra. Eu diria que conheço 3 homens abaixo dos 50 anos, contra uns 12 Homers, e uns 8 adolescentes tardios... ou mais.

Mulheres, exceto as que tem uma excessiva tendência à maternidade, não procuram filhos para criar. O que o sexo oposto tem dificuldades em compreender é que mulheres buscam um par.
Apenas para deixar bem claro, de acordo com o Aurélio:
par [Do lat. pare.] Adjetivo de dois gêneros.  1.Igual, semelhante; parceiro, parelho.

Pois bem. Quando se é uma mulher, um adolescente não serve como par; um Homer, um troll, ou qualquer tipo de besta mitológica que seja incapaz de raciocinar como um humano, se portar como um humano, etc, não serve como par também. 
Há quem me acuse (levianamente) de ser muito injusta com os homens. Meus amigos, que isso! Talvez por se tratar de uma espécie rara, eu admiro muito os homens, e acho que deveriam existir mais deles! O que eu não tolero é essa aberração da natureza, forjada  nas residências coloniais mundo a fora, que se esquece do heliocentrismo, revoga toda a astronomia herdada das civilizações árabes (quando essas eram evoluídas), e coloca em seu lugar o umbigocentrismo; e eu sou tão legal, mas tão legal, que até tento reverter a metamorfose maligna e transformar meus amigos em homens. Eu tenho boa vontade, e é aí que reside outro problema: não sou eu quem precisa mudar.

Tenho um amigo que, quando em uma discussão sobre qualquer coisa, se depara com uma pessoa desprovida de capacidade intelectual para compreender o assunto em questão, diz: "eu não vou ensinar ninguém a ler". De certa forma, é mais ou menos isso que tento fazer: um trabalho de alfabetização primária para ensinar alguém que se orgulha da ignorância.

Homers conseguem namoradas que por motivos alheios à minha compreensão toleram por bastante tempo suas falhas. Isso os leva a crer que é de fato normal ser um Homer, e  - pior - que as mulheres gostam de Homers. Diante desse raciocínio, eles passam a ignorar deliberadamente todo e qualquer aviso e pedido sutil de reversão em sua metamorfose. As placas dizem "pare", os sinais ficam vermelhos, e mesmo assim lá se vai o homo sapiens se tornando cada dia um Homer mais robusto.

Não raro eles são surpreendidos por um rompimento nas relações. Eis que finalmente eles conseguem perceber a mulher saturada, mas ainda assim mantem-se incrédulos: para eles são chiliques femininos, pormenores, besteiras, TPM, etc. Tudo é minimizado para que a condição de Homer seja mantida. Quando não funciona eles fazem ajustes pontuais, apenas para contornar a situação: enviam flores, se tornam surpreendentemente gentis e parecem de fato terem evoluído e se tornado homens. Até que os corações femininos se encontrem enternecidos, e eles consigam uma segunda chance.

Junto da segunda chance, volta o Homer, devagar, sutil, até se esparramar pelo sofá novamente com o controle remoto em punho. O filme "Click", com Adam Sandler, considerado muito divertido por muitos homens e por algumas mulheres, nada mais fez que pegar carona no ícone máximo da inércia masculina: o controle remoto. E é assim que eles tendem a levar a vida: sentados no sofá, apertando botões de liga, desliga, e mudando de canal quando o discurso feminino não lhes convém.

8 comentários:

  1. cara...
    tô aqui pensando...
    e se eu for um homer? tô ferrada, não tô?

    kkkk

    mas é isso ae, abaixo ao (ou abaixo o?) umbigocentrismo!

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  2. Os motivos alheios à compreensão que fazem os Hommers arrumarem namoradas pacientes (ou trouxas, ou sei lá o que) justificariam, inclusive, a própria existência dos Hommers
    :D

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  3. Cada um oferece o que pode, o que tem, e essas "coisas" que os projetos de homens oferecem também podem ser convenientes e úteis em determinadas circunstâncias porque, às vezes, tudo o que se quer é beber um pouco e dar umas risadas.

    Beijo, beijo.

    ℓυηα

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  4. Perfeito! Falou e disse tudo. Esses seres bestiais (uia) deviam ser extintos! E tudo começa pela mulherada! Bora parar de aceitar ogros rsrs
    Bjoo

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  5. Quando percebi que não tenho tendência a maternidade, tudo melhorou na minha vida.

    haisuhiuashiusahiuhasius


    Gostei tanto do Título " O limbo evolutivo "

    Ótimo post, Lanilda! =)

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  6. acho que a Biologia, por meio de suas classificações, explica toda a evolução da humanidade:
    homers são "homo sapiens", o que significa: "homem que sabe" e o que eles sabem é, por exemplo, trocar pneu e lâmpada, comer de boa fechada (quando se tem sorte), limpar a própria b*nda (de vez em quando).

    no caso das mulheres, somos da espécie "homo sapiens sapiens" - "homem que sabe que sabe" -, por motivos óbvios.

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  7. Homers existem porque tem muita, mas muitas "Marge"s por aí dispostas a se casarem com eles.

    Uma pena.

    beijo

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  8. Acho que homens só são bons na hora de beber e tocar.. momento em que mostram alguma sensibilidade..

    o resto é liga e desliga mesmo: o Foda-se!

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