quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oooohhhh, síndrome de Peter Pan


O melhor tipo de amor é o platônico;
o melhor tipo de vida é a sonhada;
o melhor tipo de trabalho é o idealizado.
...
É muito mais fácil viver pequenos dramas que não influem em nada da sua vida do que passar por experiências reais que mudam o curso dela.
Viver na expectativa traz um tipo de sofrimento, de dor muito doce, talvez agridoce, mas nunca com o gosto amargo da verdadeira decepção, de uma grande frustração.
Enfim, é muito confortável escolher quais aspectos da sua adolescência você vai continuar vivendo e quais características da vida adulta você vai inserir no seu cotidiano.
Você vai continuar idealizando aquele cara ou vai botar a cara no mundo, casar com o sapo – afinal não existem príncipes heterossexuais – e limpar bunda de criança se decidir ter filhos?
Sei que é muito duro chegar num ponto da vida em que se quer sair do ninho, mas a zona de conforto é muito mais forte que o desejo de independência e te puxa pra dentro dela.
Eu só espero que eu consiga superar esse drama mexicano que invento todo dia quando acordo e tenha coragem o suficiente de me pôr vulnerável. Às vezes acho que na verdade isso tudo se resume à preguiça de viver como os adultos, aqueles seres cheios de obrigações e pouca satisfação. 
Quando o ninho é muito bom, a vontade de levantar voo diminui com o passar do tempo e aquele lugar tão agradável acaba se tornando uma prisão da qual nunca se terá forças pra sair.
O fato é que ser "menin@ de granja" tem suas desvantagens, que são frescuras mas desvantagens.

4 comentários:

  1. se tivesse a opção de ficar no ninho pra sempre...

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  2. "é muito confortável escolher quais aspectos da sua adolescência você vai continuar vivendo e quais características da vida adulta você vai inserir no seu cotidiano."

    Acho que não só é confortável como é natural. Nos tornamos adultos na medida da necessidade.

    Não necessariamente precisa ser ruim escolher os aspectos adultos a incorporar, não apenas ao cotidiano como a nós mesmos. Na verdade, pode ser interessante.

    A liberdade dessas escolhas são uma das coisas que mais prezo na (minha) vida adulta.

    O ninho é sempre uma espécie de prisão. Se filhotes fossem capazes de sobreviver sozinhos, se pudessem zanzar por aí sem a tutela materna e paterna, nenhum animal faria ninhos. De certa forma, desde o princípio, o ninho é uma prisão para proteger a prole de si mesma.

    A questão toda é saber quando não mais representamos perigo a nós mesmos, quando estamos prontos para ir a diante com nossa "bios theoretikos". O conforto do ninho, quando estamos prontos, encontramos fora dele também, em seu tempo.

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    1. Acho que às vezes continuamos infantilizando certas situações que nos exigem maturidade. Penso que o tipo de educação superprotetora que tive me manteve longe de correr riscos desnecessários, mas acabei não me submetendo aos necessários também.
      Concordo que muitas vezes uma defesa - o ninho - é também uma prisão, mas acho que a oportunidade de sair dele pode ser perdida quando se escolhe a zona de conforto ao invés do desafio de viver.
      Sei lá; é complicado.

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    2. Educações super protetoras levam a dois comportamentos: medo de sair da caverna, ou pessoas demasiadamente ansiosas por fazê-lo.

      A Primeira Lei de Newton se aplica também à natureza humana, aliás, se aplica muito bem.

      Romper a inércia é uma questão de interesse, consciência de suas próprias necessidades (não as básicas, sempre suplantadas "no ninho".

      Alguns nunca saem da zona de conforto do ninho. Isso depende da inquietação de cada um.

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