sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sobre o direito à crença e ao casamento

Eu sou uma "ex-evangélica". Nunca escondi isso de ninguém, não considero motivo de constrangimento ou algo do tipo. 


Hoje guardo minhas convicções para mim mesma e evito igrejas por incontáveis razões que vão muito, mas muito além de minha orientação sexual, alias, esse nunca foi o motivo, mas principalmente quebra de confiança em lideranças religiosas nos mais diversos níveis e nas mais diversas igrejas. 


Tenho grandes amigos evangélicos, e admiro vários que nem são mais tão próximos assim, que não vejo a anos, inclusive. 


Da mesma forma, ainda que nunca tenha sido católica, conheço vários católicos admiráveis também, dentro e fora de minha família. Todos tem meu respeito.


Respeito e sempre respeitarei o direito de crença alheia. Defendo o direito de manifestação de crenças no  templo, na vida de cada um, e o direito de evangelizar e dar testemunho também. Tudo isso faz parte da vida de um religioso, e deve fazer, especialmente entre os bons religiosos, aqueles que realmente levam uma vida cristã. 


Entretanto, há uma diferença GIGANTESCA entre a liberdade de credo e a imposição de valores religiosos a uma sociedade diversa e formada por pessoas de diferentes crenças e valores.


Isso vai desde os crucifixos em prédios públicos até a garantia dos direitos civis de homossexuais. Até a regulação pela Mitra carioca dos direitos de imagem sobre uma estátua tombada pela UNESCO.


Isso inclui entender que há muito tempo a tal "família brasileira" não é a réplica da sua família, e nem deve ser. Porque o Brasil não é e não pode vir a se tornar um Irã Cristão.


Aí eu vejo aos montes blogs evangélicos e lideranças evangélicas falando em ditadura gay. Meu amigo, me diga onde, talvez eu até me mude para lá. Talvez você devesse mudar pra lá também, porque nunca vi gay chamar hetero de doente por sua orientação sexual, nem proibir hetero de casar e ser feliz.


Ja aqui, a ultima vez que chequei, e foi hoje de manhã, um casal homossexual não pode sequer ser reconhecido perante a lei como casal, e a culpa disso é da tal bancada evangélica, e de quem acha que família brasileira é só sua própria família. 


Opressão e ditadura gay não é gay também poder casar. Isso se chama inclusão, democracia, igualdade/isonomia de direitos. Opressão seria revogar o casamento hetero e tornar o gay obrigatório. Seria proibir o casamento religioso só porque o casamento gay não está previsto na Bíblia. Isso seria opressão e ditadura gay.


O básico que todo mundo tem que entender é realmente aquilo:  Você não está sendo oprimido quando alguém passa ter garantido um direito que você sempre teve. O resto é ignorância e falta de inteligência.

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