sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Scroll off

Nunca achei que fosse chegar para mim o dia em que a forma das pessoas se relacionarem com a tecnologia se tornasse um incômodo.
Meu pai me acusa de ser viciada em internet desde 1998, só para estabelecermos um parâmetro.

Eu, que sou eu, cansei.
De ser bombardeada por demonstrações cansativas de felicidades ou insatisfações eternas, de louvores e agradecimentos a divindades que nunca estiveram online, da esquerda, da direita, de ativismos e contra-ativismos sem fim. Isso tudo as vezes é chato e massante.

As pessoas podem escolher ser quem elas quiserem no mundo virtual. A triste realidade é que via de regra escolhemos ser pessoas chatas, cansativas, monotemáticas, inconvenientes, desinteressantes, hostis. Cansei.

Cansei de gente compartilhando links sem ler, opinando sem saber, repetindo improdutivamente e impensadamente conteúdos rasos. Cansei de protocolos de comunicação violados por falta de polidez e educação.

Cansei de pessoas cujo ápice de diversão no dia se resume a ter visto um meme, ou a uma breve flamewar que será em breve substituída por outra igualmente tediosa e improdutiva.

Cansei também de ter isso estendido à vida real, de raramente conseguir um encontro com algum amigo que não envolva meia hora de silêncio em meio a um "scroll infinito". Da primeira pergunta no restaurante ser " Qual a senha do Wi-Fi? ".
Cansei porque se quisesse fazer scroll de qualquer coisa, faria de casa, do meu Wi-Fi.

Eu cansei de gente, porque mais que nunca, pessoas se tornaram bichos very boring.

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