segunda-feira, 29 de abril de 2013

Buscar a felicidade? Se ela quiser, que venha sozinha.

Ontem fui parar em um tipo de palestra filosófica, com o tema: “O que é a felicidade?”. Não fui parar lá por engano, assim como não li “O que você está fazendo com a sua vida?” por engano. Na verdade, eu me interesso pela visão de felicidade e de realização dos filósofos, sociólogos e gurus indianos. É bom ler, ouvir, pensar. 

Claro que não consigo me concentrar em uma palestra inteira, se conseguisse, eu não seria eu, mas creio que consegui pegar uns 75% do que foi dito... E diante de todos os insights explorados, percebi que não me interesso muito por isso de ser feliz. Se ser feliz é estar plenamente satisfeito e realizado, posso dizer que não me interesso porque não acredito que isso seja possível. Uma vez que o mundo está em constante processo de transformação, e que nós estamos no mundo, acompanhando transformações e vivendo nossa própria transformação, não acredito em felicidade como um estado permanente ou contínuo. Não acredito que alguma das buscas que realizamos durante a vida traga a felicidade permanente.

Por outro lado, eu acredito que a autenticidade traz ao ser humano pequenas doses de felicidade diária. Acho que perguntar “O que é felicidade?” ou “Como ser feliz?” é fazer as perguntas erradas. As perguntas certas seriam “Em que eu acredito?”, “Porque eu faço o que faço?”, “Quais são os meus valores?”, “Eu sou fiel aos meus valores?”, e variações dessas questões. Acho que o prazer em fazer aquilo que acreditamos ser o melhor a fazer, o prazer de ser fiel a si mesmo, leva ás pequenas doses de felicidade diária. 

Eu não busco felicidade diariamente. Na verdade, quando meu despertador toca, busco os motivos que me levam a sair da cama. Não necessariamente são motivos pessoais, que vão me deixar alegre e radiante... Embora ultimamente a busca por estabelecer uma rotina prazerosa tenha me motivado, não raro passei por fases na minha vida em que eu simplesmente não me levantava da cama pra viver, ou não saía de casa, etc e tal. Após essas fases, quando reagi, nunca foi com o intuito de ser feliz, mas de me tornar uma pessoa equilibrada, de não preocupar meus amigos e familiares, coisas assim, que me deixam bem, mas não necessariamente feliz. O equilíbrio é uma meta diária na minha vida, não a felicidade. E espero que a felicidade venha por conta própria, enquanto eu me preocupo com coisas mais práticas, que envolvem o meu dia a dia.

Se um dia eu me tornar equilibrada, o que acho muito improvável, não significa que serei feliz. Provavelmente arrumarei uma nova meta, isso se não o fizer antes de concluir tal objetivo. Não estou querendo aplicar “Administração por objetivo” à vida. Estabelecer objetivos e persegui-los cegamente não traz doses de felicidade diária a ninguém... Contudo, descobrir o que satisfaz e incluir isso na rotina, conhecer os próprios anseios, e diferenciá-los daqueles que foram incutidos pelo “sistema” e pela “sociedade”, descobrir as próprias crenças e ser fiel a elas, buscar a coerência... Provavelmente essas coisas trazem alguma felicidade. Ou não... De qualquer forma, buscar a felicidade é procurar uma coisa abstrata demais. É como tentar ir ao restaurante no fim do universo, mesmo se fosse possível, o que seria encontrado além de um mero “42”?

7 comentários:

  1. Só voei na parte do "42".

    Mais um texto cheio de Ana Laura. Muito bom.

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  2. Alê, o 42 é a resposta do universo, segundo as histórias da série "o guia do mochileiro das galáxias"... e o restaurante no fim do universo também é da série... é meio que pra expressar que é uma busca insana.

    Fico feliz de vc ter gostado! =)

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  3. Também tinha viajado no "42"! kkkkkkk Adorei o texto... me identifiquei bastante. Beijinho!

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  4. Adorei a referência final à série intergaláctica.
    Quanto à felicidade, acredito que ninguém é realmente feliz a todo momento. A felicidades são instantes. Pra mim, o termo seria "estou feliz" ao invés de "sou feliz".
    Enfim... Gostei do texto.

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  5. O mais importante é não entrar em pânico!

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